Informe dengue março de 2006

Em recente reunião da Macrorregião Sudeste a Coordenação Nacional do Programa Nacional de Controle da Dengue (PNCD) informou que em 2005 o país apresentou 217.406 casos de dengue com 447 casos de Febre Hemorrágica de Dengue (FHD) e 43 óbitos. Houve um aumento de 72,7% em relação a 2004 sendo que a expansão da epidemia foi atribuída à disseminação do DEN 3 no território nacional e a descontinuidade do PNCD nos municípios devido a eleição do ano anterior.

Dados do 1º bimestre de 2006 e de 2005 são semelhantes, respectivamente, 32593 casos e 33369 casos, porém, na região sudeste houve um aumento expressivo de 145% em 2006, às custas do Estado do Rio de Janeiro e de São Paulo.  

No Rio de Janeiro os casos estão concentrados na capital – região do Jacarepaguá e Barra da Tijuca, em Angra dos Reis, Niterói e em Parati. Em Minas, a maior transmissão, se dá no triângulo mineiro, em Uberlândia, Uberaba, Ituiutaba e no norte em Januária. No Estado de São Paulo, a grande transmissão ocorre em Ribeirão Preto com mais de 1000 casos, região de Rio Preto, Araçatuba e com uma transmissão menor na Baixada Santista.  

Campinas confirmou 30 casos a partir de 18 de dezembro de 2005, destes, 19 são autóctones e 11 importados. Este número certamente está maior, pois há 2 semanas estamos sem a realização de sorologia de dengue por vários motivos, um deles é a greve da Anvisa que impede a liberação de Kits comprados emergencialmente pelo Estado de São Paulo. 

A estratégia utilizada neste momento é a avaliação semanal de áreas de transmissão, junto com a SUCEN, definidos como, áreas com concentração de fortes suspeitos para o trabalho de campo. 

Estamos no momento com 3 áreas de transmissão em Campinas: Centro de Saúde Itatinga na região sudoeste, Centro de Saúde Aurélia na norte e CS Paranapanema na sul. Outras áreas estão sendo monitoradas como a do CS São Marcos na região norte. 

O grande problema encontrado no trabalho de campo é a recusa e casas fechadas que inviabilizam qualquer trabalho que objetiva a interrupção da transmissão de dengue. Temos investido na mídia e outros espaços comunitários para baixar esta pendência, ou seja trabalhar o maior número de casas possíveis. 

O levantamento larvário de IB-Índice de Breteau que mede indiretamente o grau de infestação do Aedes aegypti mostram altos índices na cidade toda com a possibilidade de manutenção da epidemia.

Naoko Silveira -médica sanitarista da Coordenadoria de Vigilância em Saúde.