Pluralidade é ferramenta para construir desenvolvimento sustentável
Clique aqui para ler outras notícias
 

Fonte: Portal da Prefeitura
Autor: Mônica Monteiro

O Projeto Sustentar, encerrado no sábado, dia 31, com uma apresentação da cantora Sandra Sá, cumpriu integralmente seu objetivo, o de reunir as mais variadas visões sobre sustentabilidade, possibilitando troca de informações, alertas, denúncias, debates, encaminhamento de soluções, intercâmbio de experiências bem sucedidas e planos para, a curto, médio e longo prazos, fazer do desenvolvimento sustentável um tema cada vez mais presente na sociedade. O relatório final do evento servirá de subsídio para que governos municipais, estaduais e Federal desenvolvam políticas de meio ambiente.

A avaliação é da diretora do Departamento de Meio Ambiente da Prefeitura, presidente do Comdema (Conselho Municipal de Meio Ambiente), uma das coordenadoras e grande entusiasta do Projeto, Mayla Porto. "Conseguimos cumprir nossa meta inicial, a de fazer de um aparente obstáculo - a diversidade de enfoques e a pluralidade de opiniões – uma força e uma ferramenta de transformação", resumiu.

Para falar do sucesso do evento, Mayla não contabilizava apenas as falas dos convidados ou os debates que tiveram lugar nos Painéis formais, mas também considerava os encontros nos corredores entre ativistas da sustentabilidade, que aproveitavam os contatos para traçar planos e agendar novos encontros. Considerava, ainda, o clima que predominou durante a semana que durou o evento, iniciado na segunda-feira, dia 26: "conseguimos um evento fraterno, com lugar para todos e para todas as reflexões".

A diretora do Meio Ambiente ilustra esse saldo positivo com os muitos pedidos dos participantes para que o Projeto Sustentar, previsto inicialmente para acontecer a cada dois anos, seja realizado anualmente. "É uma questão que ainda teremos que analisar, mas as solicitações que recebi demonstram que Campinas não só acertou na idéia, mas conseguiu concretizá-la de forma vitoriosa", acredita Mayla.

Relatório final servirá de subsídio

O relatório final do Projeto Sustentar será concluído dentro de aproximadamente dez dias, segundo a diretora de Meio Ambiente, Mayla Porto. Ela explicou que foram filmadas 36 horas de fita e que todo o material será avaliado cuidadosamente pela comissão organizadora, que também reunirá as contribuições recebidas durante o Encontro, para compor o documento.

O Relatório Sustentar 2008, como se denominará essa avaliação final, será enviado para autoridades municipais, estaduais e federais para servir de subsídio para políticas ambientais e, mais amplamente, para apontar caminhos na construção do Desenvolvimento Sustentável.

Mas já é certo que algumas informações constarão do Relatório, como o Termo de Cooperação Latino-Americano, assinado no último dia do evento por representantes da Prefeitura de Campinas, Instituto de Pesquisa Chico Mendes, Universidade Estadual de Campinas/Unicamp, Coordenadoria de Assistência Técnica Integral/CATI, Centrais de Abastecimento de Campinas S.A./Ceasa, Instituto Agronômico de Campinas/IAC e de entidades ambientalistas da Colômbia e da Costa Rica.

Esses órgãos reunirão esforços para elaborar um plano para a zona rural da Macrozona 5 de Campinas, região que congrega os bairros do Ouro Verde e do Campo Grande e que é objeto do primeiro Plano Local de Gestão, já finalizado e em tramitação para ser transformado em lei municipal. A intenção é buscar recursos e capacitação para os produtores rurais da região por meio de um trabalho conjunto que foi saudado pela diretora do Meio Ambiente de Campinas como uma "epidemia de transformação".

Educação ambiental

Outro item que constará do relatório final será a moção resultante do Painel que discutiu educação ambiental e, posteriormente, foi encaminhada à organização do evento. O documento pede que a administração municipal realize audiências públicas "nas diversas escalas territoriais, desde uma escola até o município todo, para estabelecer um Plano Municipal de Educação Ambiental".

De acordo com Sandro Tonso, professor da Unicamp e membro da coordenação do Coeduca para formação de educadores ambientais, se a medida se concretizar, Campinas será "quase pioneira" no assunto, porque somente alguns Estados têm uma política de educação ambiental. "No Estado de São Paulo, por exemplo, essa determinação existe há menos de um ano", exemplificou.

O engajamento dos jovens

O último dia do Sustentar foi dominado pela discussão do engajamento dos jovens no processo da sustentabilidade, com dois Painéis que se dedicaram ao tema: "A Visão dos Jovens sobre a Sustentabilidade" e "Educação Ambiental, um Percurso para a Sustentabilidade".

As falas dos palestrantes e os debates posteriores permitiram abordar o tema sob vários aspectos, com a colocação de opinião tanto daqueles que já se preocupam com o tema e procuram praticar e difundir o conceito de uma vida sustentável como dos que se dedicam a expandir essa conscientização, investindo na formação de novos adeptos da sustentabilidade.

"Foi o dia em que discutimos valores, conceitos e princípios", opinou Sandro Tonso, um dos palestrantes. Com a autoridade de quem é professor do Centro Superior de Educação Tecnológica da Unicamp, integra a coordenação do projeto Coeduca para formação de Educadores Ambientais e participa do Sistema Aquaeduca, dedicado a fazer o diagnóstico da educação ambiental na bacia PCJ, dos rios Piracicaba, Capivaria e Jundiaí, Tonso avaliou a importância das atividades do último sábado dizendo que "até aqui, discutimos processos, gestão, máquinas, tecnologia, e hoje nos debruçamos sobre o que causa tudo isso: o ser humano".

O professor contou que os Painéis possibilitaram discutir valores, abordar a visão materialista do mundo competitivo, e ampliar o conceito de desenvolvimento sustentável, sobre o qual ainda não há consenso, em sua opinião, mas que "não diz respeito apenas ao lado econômico, mas inclui o desenvolvimento humano, o desenvolvimento cultural".

A participação dos jovens é vista por Tonso como fundamental, assim como sua organização em movimentos. Um dos exemplos citados por ele é a REJUMA – Rede de Juventude e Meio Ambiente, que já existe em diversos Estados.

"É importante a união e a organização, assim como foi importante a oportunidade proporcionada pelo Projeto Sustentar, que marca o início de um processo coletivo para discutir desenvolvimento sustentável". Essa dimensão coletiva foi um dos aspectos mais benéficos do Encontro, na visão do palestrante, que torce para que o Projeto "não seja interrompido, porque cria espaços institucionalizados de discussão".

Inauguração do Viveiro-Escola

No dia 5 de junho, quando se comemora o Dia Internacional do Meio Ambiente, será inaugurado o Viveiro-Escola localizado na Vila União, onde ficarão as quatro mil árvores cujo plantio neutralizará o gasto de energia verificado durante a realização do Sustentar. O plantio das mudas começará em setembro, época mais favorável para o desenvolvimento das espécies.

Segundo Amauri Hernandes, diretor da Carbondown, empresa responsável por certificar o gasto de energia e calcular a compensação, as atividades do evento produziram 600 toneladas de carbono. Sobre a neutralização, Mayla Porto disse que a medida "está totalmente dentro do espírito do evento, de despertar nas pessoas a consciência do que pode e deve ser feito para consolidarmos um estilo de vida onde a sustentabilidade seja fator decisivo para nortear nossas escolhas em cada ação do cotidiano".

As quatro mil árvores ajudarão a recuperar a mata ciliar ao longo do rio Capivari, contribuindo para formar o futuro Parque Linear projetado para a região. O Viveiro dará atendimento a 60 bolsistas técnicos aprendizes e ensinará atividades de viveiristas a 500 jovens que participam do programa Juventude Cidadã da Secretaria Municipal de Cidadania, Trabalho, Assistência e Inclusão Social (SMCTAIS).

O projeto pretende ser um modelo para toda a Região Metropolitana de Campinas, que poderá se beneficiar também de um rio preservado, uma vez que o Capivari corta diversas cidades da RMC.