Plano Diretor prevê ‘eixos verdes' em Campinas
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Medidas incluem ampliar e integrar áreas preservadas, criar parques e arborizar vias

Fonte: Correio Popular - 01/08/2006
Autor: Gilson Rei - DA AGÊNCIA ANHANGÜERA

Implantar “eixos verdes”, com corredores ambientais estratégic os, e um Centro Municipal de Negócios Sustentáveis são as principais medidas apontadas por ambientalistas para capacitar Campinas como metrópole competitiva e sustentável no cenário nacional nos próximos dez anos.

Essas ações ambientais já foram aprovadas por conselheiros, técnicos e especialistas em meio ambiente da cidade e estão incluídas na revisão do Plano Diretor de Campinas, que deverá ser avaliado nos próximos meses na Câmara Municipal e aprovado até outubro deste ano, segundo determinação do Ministério das Cidades.

Os ambientalistas acreditam que o projeto de criar eixos verdes, preservando as áreas vegetais já existentes e ampliando o perímetro ao seu redor, poderá trazer múltiplas vantagens. Vai servir, ao mesmo tempo, para recuperar espaços degradados, evitar o despejo de entulho, melhorar a qualidade do ar, proporcionando conforto térmico e embelezamento paisagístico. Além disso, a proposta vai garantir a criação de outros locais de lazer para a comunidade.

“A aplicação dessas medidas deverá ampliar o equivalente à área da Mata de Santa Genebra, multiplicada por doze”, disse Mayla Yara Porto, diretora do Meio Ambiente da Secretaria de Planejamento, Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente, que participou dos estudos e debates com a sociedade nos últimos nove meses.

Mayla disse que o objetivo dessas ações é estabelecer no município uma relação direta entre a preocupação ecológica e o grau de desenvolvimento econômico. “A competitividade atual é grande e quem não for eficiente não sobrevive”, afirmou. Segundo a diretora, é fundamental buscar o equilíbrio entre o respeito ecológico e operações economicamente atrativas. “Para isso, é necessário usar menos matéria-prima e energia, produzir menos desperdício e poluição e promover mais reutilização e reciclagem”, exemplificou.

Resgate

Os eixos verdes consistem na recuperação de Áreas de Preservaç ão Ambientais (APAs) permanentes e várzeas degradadas. Mayla destacou que essas áreas devem servir como diretrizes municipais de resgate ambiental, aliadas à reestruturação urbana. “Afinal, nesses locais há uma forte tendência de despejos de entulhos e resíduos sólidos”, disse.

Essa ameaça já existe e é comum se ver na região do Campo Grande e Ouro Verde, onde estão a várzea do Rio Capivari e do Córrego Pium. É visível também na Vila União, no distrito de Barão Geraldo, onde existem o Ribeirão das Pedras e o Ribeirão Anhumas. A mesma situação existe no distrito de Sousas, onde está o Ribeirão dos Pires, e no distrito de Joaquim Egídio, por onde passa o Ribeirão das Cabras.

A diretora afirmou que a implantação dos eixos verdes tem múltiplos objetivos. Ela destacou que a meta principal é proteger e recuperar o meio ambiente e firmar o verde como suporte de qualidade de vida. Pretende, com isso, defender e resgatar a diversidade paisagística e a manutenção da biodiversidade. Para garantir isso tudo, a diretora lembrou que é fundamental melhorar o “diálogo cidade-meio ambiente”, reduzindo o desequilíbrio ambiental, ordenando os usos e também valorizando o potencial natural de Campinas.

Para tornar os eixos verdes uma realidade, será necessário manter o que existe e implementar a criação de novos espaços verdes de urbanização. “Isso se dará por meio de projetos integrados e diversificados, envolvendo parcerias entre os poderes públicos municipal, estadual, federal e a iniciativa privada”, explicou. Outra exigência será consolidar uma legislação que gere incentivos para essas áreas em questão. “Precisaremos garantir a manutenção dos espaços verdes permeando a malha urbana de forma a manter o índice de área verde por habitante, de acordo com os padrões recomendados”, revelou. Estes padrões exigem 12 metros quadrados de área verde por habitante e Campinas conta atualmente com um índice de 4,6 metros quadrados.

Ecodesenvolvimento

Ao mesmo tempo, avaliam os especi alistas, deve-se criar o Centro Municipal de Negócios, servindo como local de convergência de informações, soluções e oportunidades de negócios, sob o enfoque da sustentabilidade ambiental. Vai contribuir, inclusive, para transformar riquezas naturais e geração de emprego e renda em projetos de ecodesenvolvimento.

Mayla explicou que o centro vai propiciar a integração e o desenvolvimento de projetos benéficos para a cidade, bem como promover parcerias com outras esferas de governo, organizações não-governamentais (ONGs) e iniciativa privada. “Vai, ainda, incentivar o uso de práticas e tecnologias auto-sustentáveis, como o tratamento de efluentes, reuso de água e de resíduos sólidos, combustíveis alternativos, energia solar, qualidade do ar para as atividades agrícolas e outros empreendimentos no município”, disse Mayla.

Cinco ações norteiam o projeto ambiental

Entre elas, está a diversificação das espécies arbóreas e implantação de redes subterrâneas

A implantação dos eixos verdes, por meio de leis municipais e parcerias, deverá ocorrer em cinco frentes de ação: corredores ambientais estratégicos, parques lineares, parques públicos temáticos, multiplicidade ambiental e vias verdes existentes em avenidas e alamedas.

Os eixos verdes, compostos por corredores ambientais estratégicos da cidade, deverão ser formados na união das áreas que margeiam os rios Capivari e Atibaia e o Ribeirão Anhumas. Haverá também a associação dessas áreas aos parques lineares do Rio Capivari, do Ribeirão das Pedras, do Ribeirão das Cabras, da Vila União e do Córrego Pium.

Essas medidas se somarão, ainda, à implantação de quatro parques públicos temáticos (da Mata, das Águas, Botânico e do Café), aliados à arborização das principais avenidas da cidade, com o plantio de novas mudas de árvores onde for tecnicamente possível para a constituição de grandes alamedas verdes. Já a implementação da multiplicidade ambiental deverá ser feita com o investimento em arborização adequada nessas regiões.

Também é prevista a implementação de valas técnicas para passagem de redes subterrâneas nas principais avenidas, bem como a implantação de rede compacta pelas empresas concessionárias para demais regiões, garantindo ganhos na qualidade ambiental da cidade. O impacto positivo, apontam os ambientalistas, será a melhoria da qualidade do ar, seguido pelo maior conforto térmico, atenuando a temperatura e o aumento da umidade. Outro ganho será a maior permeabilidade do solo, somada à diminuição da poluição sonora e ao embelezamento paisagístico.