Prefeitura de Campinas estuda a recuperação da Macrozona 5
Clique aqui para ler outras notícias
 

Região é denominada no Plano Diretor como Área de Recuperação Urbana (Arec) por se apresentar intensamente degradada

Sheila Vieira
DA AGÊNCIA ANHANGÜERA

No município de Campinas, uma região se destaca no cenário local. É a zona Oeste da cidade, que integra a macrozona 5 (MZ-5), uma das maiores entre as sete que dividem o território local e são foco do estudo do Plano Diretor Municipal. Esta delimitação tem início na Macrozona 1 que abrange a região de Sousas e imediações de bairros rurais como Carlos Gomes, e termina na Macrozona 7, próxima à Indaiatuba, incluindo o Aeroporto Internacional de Viracopos.

A MZ-5 abrange 11,66% de todo o território municipal, o que corresponde a 92,40 quilômetros quadrados, informa a arquiteta Rosana Bernardo, chefe de gabinete da Secretaria de Planejamento, Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente de Campinas (Seplama).

A Macrozona 5 é denominada no plano diretor como Área de Recuperação Urbana (Arec) por se apresentar intensamente degradada, concentrando população de baixa renda com carência de infra-estrutura, equipamentos urbanos e atividades terciárias.

Dados do site da Enciclopédia Wikipédia apontam que 1.045.706 pessoas reside m em Campinas. O censo demográfico do IBGE de 2000 aponta uma população de 232.079 mil habitantes área, baseada na taxa de crescimento populacional entre os anos de 1991 e 2000, enquanto a Seplama estima que em 2005 a população local atingiu 287.366. “É uma região composta por grandes adensamentos populacionais, com características exclusivamente habitacionais, apresentando condições precárias de urbanização, carência de infra-estrutura de serviços e empregos”, aponta a chefe de gabinete da Seplama.

De acordo com a Companhia de Habitação Popular (Cohab) de Campinas, nos Distritos Industriais de Campinas (DICs) existem 22 conjuntos habitacionais com 7.903 unidades com média de quatro habitantes em cada.

Com quase 60 anos de existência, um dos loteamentos mais antigos desta macrozona, conforme a Seplama, é o Vila Aeroporto aprovado pela lei 393 de 28 de setembro de 1950. Um dos mais recentes é o Parque São Bento aprovado pelo Decreto 13.524 de 22 de dezembro de 2000. É uma região com destaque para bairros como Nova Aparecida, Padre Anchieta; Fazendinha; Santa Bárbara; Jardim Monte Alto; Parque Valença; Jardim Campo Grande; Jardim Florence; Jardim Mauro Marcondes; Jardim Ouro Verde; Jardim Vista Alegre;Jardim São Cristóvão; região dos DICs; DICs I a VI (respectivamente: Monsenhor Luis Fernandes de Abreu, Antônio Mendonça de Barros, Rui Novaes, Lesch Walesha, Jardim Acadêmico, Parque Itajaí e também o Distrito Industrial de Campinas. O comércio tende a oferecer opções locais, se intensificando ao longo de avenidas de alto fluxo local como a Ruy Rodrigues, Suaçuna, Coacyara e Itamarati, com destaque para atividades terciárias, notadamente comerciais, aponta Rosana.

Rodovias

O acesso à região Oeste é feito pelas Rodovia Anhangüe ra que serve a região de Aparecidinha, porém, grande parte da MZ-5 é cortada pela Rodovia dos Bandeirantes. A parte interna conta com um sistema viário estruturador composto pelas avenidas coms John Boyd Dunlop e Ruy Rodrigues, trechos de rodovias como dos a Bandeirantes, Campinas — Monte-Mor e via Anhangüera, que contribuem para o escoamento do trânsito local.

De acordo com dados da Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas (Emdec), o tempo médio de uma viagem de ônibus partindo do Terminal Central até o Terminal Ouro Verde é de 25 minutos nas linhas expressas e 40 minutos na opção regular.

Até o Terminal Campo Grande, o tempo médio de viagem sobe para 35 minutos nas linhas sem parada e 50 minutos nas opções regulares. Diariamente 12 linhas de ônibus trafegam pela Avenida Ruy Rodrigues e 14 na Avenida Luiz Eduardo Magalhães, principal via de acesso ao Terminal Campo Grande.

Objeto de consulta para a implantação de Empreendimentos Habitacionais de Interesse Social (HEIS). “Esta região por ter perpetuado ao longo dos anos toda gama de demandas que vão da questão ambiental à social, deverá ser objeto de ação governamental objetivando a sua requalificação dentro do programa de metas estratégicas Campinas 20/20”, informa o Secretário de Planejamento Márcio Barbado.

Três gerações na região

Na região da Avenida Ruy Rodrigues é quase impossível encontrar um morador que não conheça ou já tenha ouvido falara das Cerâmicas Mingone. A família se instalou na zona Oeste há décadas. Conforme Maurício Mingone, antigamente a área era conhecida como Campo Redondo e foi adquirida pelo patriarca Nazareno Mingone, nos idos de 1935 a 1940.

Eram 140 alqueires utilizados para o plantio de eucaliptos. “Nazareno Mingone nunca morou na região, contudo, hoje moram na Avenida Ruy Rodrigues seus descendentes, que compõem a segunda e a terceira geração da família”, conta Maurício, neto de Nazareno. Era uma região de serrado, habitada por poucas famílias que conviviam em maio à integração e reciprocidade.

A propriedade, de 140 alqueires, abrange hoje os bairros vizinhos a uma das empresas da família — Odila Produtos Cerâmicos — que fica entre os Jardim Letícia, Jardim Aeroporto, Parque Universitário, Jardim São Cristóvão, Jardim Vista Alegre, Parque Xangai, Jardim Recanto do Sol I e II, Jardim Marajó, Residencial São José, Jardim Mauro Marcondes, Vida Nova, São Pedro e Jardim Mercedes.

Mingone se recorda que os moradores enfrentaram problemas de infra-estrutura básica como a falta de energia elétrica, estradas e telefone. Atualmente, ele aponta que os problemas incluem a falta de segurança, escolas, creches, saúde, ausência total de entretenimento, transporte precário, hospitais e postos de saúde para atender uma população de mais de 150 milhabitantes.

Na opinião de Mingone, a melhoria da qualidade dos moradores da região dos DIC's depende da resolução de problemas da infra-estrutura básica e de implantação de itens que permitam o exercício da cidadania. Além disso, requer investimentos público e privado em lazer, praças de esportes e preferencialmente, a implantação de um shopping nos moldes do Campinas Shopping ou do Parque D. Pedro Shopping.