Vocação rural de Campinas se concentra na Macrozona 2
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Cortada pelos trilhos da Maria Fumaça, região é formada por loteamentos onde o contato com a natureza é o maior apelo

Sheila Vieira
Da Agência Anhangüera


Dando seqüência às reportagens sobre as macrozonas (MZ) de Campinas, é a vez da MZ - 2. O Plano Diretor do Município divide a cidade em sete macrozonas, cada qual com suas peculiaridades impares. Quem já fez o passeio de Maria Fumaça, que parte da Estação Anhumas rumo a Jaguariúna, viu os trilhos cortarem boa parte do território da macrozona, predominantemente verde. A região é cercada por pastos, matas e começa a despontar para os loteamentos, pois o zoneamento predominante na região é destinado ao uso residencial. Conforme o último censo do IBGE, 6.083 pessoas residem nesta macrozona, mas a partir de 2005, a estimativa da Seplama é de que a população subiu para 7.742 habitantes.

Localizada na região norte de Campinas, a Macrozona 2, com seus 102 km2, é a terceira menor macrozona da cidade, ficando atrás apenas das MZ-6 e MZ-5. Fazem parte dela os loteamentos Chácaras Vale das Garças, Village Campinas, Jardim Monte Bello, Bosque das Palmeiras, Bananal, Bosque das Palmeiras, Chácara Recanto dos Dourados e Chácaras Gargantilha, informa a arquiteta Rosana Bernardo, chefe de gabinete da Secretaria de Planejamento, Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente de Campinas (Seplama). O loteamento mais recente da MZ-2 é o Chácara Recanto dos Dourados, aprovado pelo decreto 8.598 de 18/09/85, e o mais novo são as Chácaras Gargantilha, aprovado pelo decreto 10.597 de 28/10/91.

Áreas livres é o que não falta. De acordo com a Lei Complementar 04 de 1996, naquela época existiam 558,24 hectares de áreas não parceladas, que se mantém até hoje. Por estar próxima à região da saída para Mogi Mirim, a MZ-2 é cortada pela rodovia Adhemar Pereira de Barros que liga Campinas a Mogi. O ponto mais extremo desta macrozona fica a 18 Km do Centro, e se comunica com a área central pela mesma rodovia até a avenida Miguel Noel Nascente Burnier.

Rios e matas

Marcada pela exuberante presença do verde com pastos e florestas, a região é contemplada por 69 hectares de mata pertencente à Fazenda São Vicente. Há ainda áreas menores como a mata da fazenda Santa Mariana (Furnas) com 13,2 hectares; mata da fazenda São Bento com 16 hectares; mata da fazenda Espírito Santo com 13,38 hectares e a Fazenda São Gabriel com 3 hectares de matas. Passam pela MZ-2, o rio Atibaia e os córregos Tanquinho e Onça.

De acordo com a Seplama, trata-se de uma macrozona predominantemente rural que apresenta grandes extensões de pastagens, matas, culturas perenes e anuais com destaque para a cana-de-açúcar. Como fonte de renda, há oferta de atividades de recreação e lazer em clubes, haras e chácaras, tanto na área rural quanto na área urbana. Ao contrário da tendência atual de implantar o verde em áreas urbanas, ali ocorreu o inverso: solicitações para à implantação de bolsões urbanos na área rural.

As questões relativas aos problemas da Macrozona-2 estão sendo levantados e serão discutidos no processo de revisão do Plano Diretor, com conclusão prevista para outubro deste ano. O sistema viário é apontado como um dos principais problemas da região, que é atendida basicamente por estradas vicinais de terra batida, o que dificulta o atendimento por transporte coletivo. A área é atravessada por linhas de alta tensão, oleodutos e ferrovias.

Projeto

De uma forma geral, o uso industrial no interior da macrozona é proibido, mas conforme a Lei 6031/88, às margens da rodovia Ademar Pereira de Barros (SP 340), em pequeno trecho inserido no perímetro urbano, é permitido o uso industrial de classificação não incômoda. Além do lazer e da exploração do turismo local, outras fontes de geração de renda locais começam a surgir.

Com base em um estudo vocacional e de viabilidade econômica, alunos e docentes da PUC-Campinas, por meio do Programa PUC-Solidária lançaram no bairro Carlos Gomes, um projeto de implantação de um restaurante rural, via sistema de cooperativa. O Prosa Caipira é um empreendimento gastronômico, vetor de desenvolvimento na região do Carlos Gomes. Até o momento, além da comunidade local, moradores do Monte Bello também iniciaram sua participação no projeto, que poderá abranger outros bairros próximos, localizado na MZ-2.

Para José Carlos Scaleante, um dos coordenadores do projeto solidário, a região é uma área com característica rural e deve ser preservada, apesar da existência de alguns loteamentos próximos. Scaleante relaciona a falta de transporte e segurança como as principais deficiências na infra-estrutura local. “A segurança deve ser colocada em primeiro lugar uma vez que não existe ronda intensiva e isso facilita a ação da delinqüência”, adverte Scaleante.