Macrozona que inclui Sousas e Joaquim Egídio é única com APA
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Classificação permite construções nesta área, desde que elas estejam em sintonia com as propostas do conselho gestor

Sheila Vieira
Da Agência Anhangüera

Os bucólicos distritos de Sousas e Joaquim Egídio estão inseridos na Macrozona 1 (MZ-1), uma das sete que dividem a cidade. As macrozonas foram propostas no Plano Diretor do Município e visam facilitar a criação de diretrizes regionais, voltadas ao desenvolvimento ordenado de Campinas. Sozinha, a MZ -1 corresponde a um terço do território da cidade, informa a arquiteta Rosana Bernardo, chefe de gabinete da Secretaria de Planejamento, Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente de Campinas.

Localizada na região Leste, esta macrozona possui 217 quilômetros quadrados de área, que abrange os distritos de Sousas, Joaquim Egídio, bairros Carlos Gomes, Monte Cristo e Chácara Gargantilha. É a única macrozona com Área de Preservação Ambiental (APA) no município. É preciso salientar que as demais macrozonas possuem Área de Preservação Permanente (APP), que é regida por legislação federal e não permite construções em sua zona. Já a APA permite desde que em sintonia com as propostas do Conselho Gestor da APA Campinas (Congeapa).

Para exemplificar, apesar de ser predominantemente rural e de possuir elementos do patrimônio ambiental e histórico-cultural, nas áreas urbanas da MZ-1, os zoneamentos específicos, que seguem a nomenclatura Zona 3 APA e Zona 4 APA, privilegiam o uso do solo para residências unifamiliares. Em 1996, o Plano Diretor da Cidade dava conta da existência de 1.289,99 hectares de glebas não parceladas e 467 hectares de lotes vagos.

Segundo Rosana, esta macrozona foi objeto de Plano Local de Gestão Urbana, o qual resultou na Lei 10.850 de 07/06/01, que estabelece cinco subdivisões para as zonas ambientais localizadas na área rural: Zona de Conservação Ambiental Especial (Z.Amb); Zona de Conservação Hïdrica dos Rios Atibaia e Jaguari (Z.Hidri), que se subdivide em Z.Hidri-A e Z. Hidri-J; Zona de Uso Agropecuário (Z.Agro); Zona de Uso Turístico (Z.Tur) e Zona de uso Urbano (Z.Urb).

É a região com a menor concentração populacional do município. Dados do Censo 2000 apontaram a presença de 20.153 habitantes, hoje estimados em 24.461 moradores, segundo a secretaria de Planejamento. Um dos principais problemas de infra-estrutura apontados pelo poder público é a inundação do Centro de Sousas, causada pela elevação do rio Atibaia. Uma das áreas mais atingidas é o Beco do Mokarzel, e as intervenções do poder público dependem da finalização do Plano Diretor, que deverá ser concluído até o final do ano.

Apesar de suas características rurais, o limite final da MZ-1 está a apenas 25 quilômetros do Centro de Campinas. O sistema viário que atende os distritos desta macrozona possuem configuração linear, onde predomina a rodovia Heitor Penteado. A predominância de vias lineares ocorre em função da topografia irregular e da presença de rios.

maior desafio para o futuro daquela região é implantar mecanismo de gerenciamento que assegurem a sustentabilidade das áreas de preservação. A preocupação com a preservação do meio ambiente na região de Sousas é manifestada por integrantes de diversos instituições do município. É a criação de um plano local foi o maior avanço dos últimos anos.

Morador de Sousas há 11 anos, Sebastião Torres é representante da Associação dos moradores do San Conrado no Conselho da APA, e também secretário do Congeapa. na condição de secretário. Para ele, a principal contribuição da APA para os distritos de Sousas e Joaquim Egídio é o resgate da questão ambiental com ênfase na preservação de matas, mananciais e fauna. São elementos que representam uma fração do que restou de Mata Atlântica.

Conforme Torres, para manter a fiscalização na região abrangida pela APA, trabalho realizado por voluntários, o poder público deveria destinar mais recursos para serem investidos em meio ambiente. Essa medida resultaria na melhoria da qualidade de vida aos moradores locais. "Daqui há 10 anos, gostaria de encontrar uma região com o seu meio ambiente preservado, ainda que haja o avanço habitacional, acredito que isso é possível ", diz Torres, complementando "temos que preservar o que tomamos emprestado do futuro de nossos filhos", finaliza.