Samu Campinas realiza 1º tratamento pré-hospitalar de infarto com trombolítico

04/11/2008

Autor: Denize Assis
foto: Solange de Freitas


O coordenador do Samu Campinas, José Roberto Hansen, e o
médico socorrista Claudio Ferreira Borges, durante capacitação
para uso do trombolítico.

 

O Samu/192 de Campinas realizou na madrugada deste domingo, dia 2 de novembro, com sucesso, o primeiro atendimento pré-hospitalar de infarto agudo do miocárdio com uso de medicação trombolítica - que tem por princípio ativo a capacidade de dissolver o trombo (coágulo) que se forma no interior do vaso levando-o à obstrução e conseqüente interrupção da irrigação do coração -. Este tratamento pode reduzir em até 50% a mortalidade dos pacientes.

O paciente, um homem de 48 anos, portador de doença coronariana triarterial, iniciou quadro clínico de dor torácica típica de infarto por volta das 2 horas do dia 2, sendo atendido às 3h23 pela equipe Alfa 2 – composta pelo médico socorrista Cláudio Ferreira Borges, o enfermeiro Roni Daniel Gomes e o motorista-socorrista Claudemir Luiz Ferreira – numa viatura de suporte avançado.

Como apresentava alteração em eletrocardiograma, o médico optou pelo uso do trombolítico e dos demais medicamentos do protocolo do infarto agudo do miocárdio do Samu, sendo encaminhado para o hospital onde já é acompanhado.

O paciente apresentou melhora do quadro de dor e, já na unidade coronariana do hospital, não apresentava mais as alterações encontradas no primeiro eletrocardiograma.

“A resposta foi muito boa, com alívio da dor. Com certeza esta medicação diminuiu a possibilidade deste paciente evoluir para o óbito”, disse o médico Cláudio Ferreira Borges.

Segundo ele, no evento do infarto, o tempo de desobstrução da coronária é extremamente importante para garantir que o paciente sobreviva e tenha melhor qualidade de vida.

“O infarto agudo do miocárdio mata mais de 30% das pessoas acometidas antes da chegada ao hospital e se constitui na principal causa de morte e de incapacidade no Brasil. Todos os critérios para utilização da medicação foram atendidos. O resultado foi excelente”, diz.

Campinas é a primeira cidade de região metropolitana fora de capitais a adotar o tratamento pré-hospitalar do infarto. Apenas outras duas cidades, Salvador, na Bahia, e Diadema, na grande São Paulo, já adotaram este tipo de tratamento.

Em média, por dia, 1 mil brasileiros infartam. Destes, 300 chegam sem vida ao hospital. “Uma das estratégias para a redução desta mortalidade é o atendimento imediato ao paciente acometido, em casa ou no local onde a vítima se encontra, com medicamento que contribui para desfazer o trombo, que é o principal fator associado ao infarto, promovendo a desobstrução da artéria. O benefício para o paciente é muito grande”, informa o secretário de Saúde de Campinas, José Francisco Kerr Saraiva. “Sem dúvida, trata-se de um avanço e demonstra a maturidade do Samu Campinas”, completa.

O coordenador do Samu/192 Campinas, José Roberto Hansen, informa que é diretriz do Ministério da Saúde introduzir o tratamento pré-hospitalar ao infartado em todos os Samus do Brasil. “Campinas se adiantou neste processo e pode servir de referência para o restante do País”, afirma.

As equipes do Samu foram capacitadas para o atendimento pré-hospitalar de infarto agudo do miocárdio com uso de medicação trombolítica. Além disso, a Secretaria de Saúde promoveu uma harmonização na rede de tratamento desde a ponta até as unidades hospitalares de atenção terciária (Hospital de Clínicas e Hospitais Celso Pierro, Mário Gatti e Ouro Verde).

Também foram adquiridos equipamentos para uso da telemedicina – utilização de recursos de informática e telemática para transmissão de dados médicos e para o controle de equipamentos biomédicos à distância. Assim, a equipe do Samu pode transmitir o eletrocardiograma por meio de telemetria, através de linha telefônica, permitindo que o exame seja avaliado por especialistas que ajudarão na tomada de decisão do médico prestador do atendimento.

O médico Marcelo Sartori, coordenador municipal da área técnica de urgência e emergência, também considera o tratamento um grande avanço. “Numa dose única você leva o tratamento onde o paciente estiver e quanto mais rápida a intervenção, menor a chance de lesão e de morte. O benefício para o paciente é muito grande”, diz.

A estatística mundial mostra que, se o infartado é tratado adequadamente nas primeiras horas com trombolítico, a mortalidade fica em torno de 5% a 6%. A experiência no Brasil, nos Samus que já adotaram a metodologia, aponta que nos primeiros 150 casos que receberam a terapêutica pré-hospitalar, a mortalidade ficou em torno de 2% a 3%. A expectativa do Samu Campinas, inicialmente, é utilizar este tratamento uma vez por mês.

Para acionar o Samu, basta o cidadão discar o número 192.

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