Campinas reforça ofensiva contra a febre maculosa

20/10/2006

Dois casos da doença foram confirmados esta semana na cidade.
Com isso, são oito as ocorrências confirmadas por exames laboratoriais em 2006
entre moradores do município. Deste total, quatro pessoas morreram

A Prefeitura de Campinas, por meio da Secretaria de Saúde, vai intensificar a ofensiva contra a febre maculosa a partir desta semana. Desde a última quinta-feira, 18 de outubro, está em curso nas cinco de regiões de abrangência do município uma nova metodologia que permite mapear áreas de risco de transmissão desta doença através da notificação do parasitismo humano, mapeamento de áreas de infestação de carrapato do gênero Amblyomma (vetor da febre maculosa) e de áreas com casos confirmados.

A sobreposição destas diferentes informações permite conhecer melhor em todo município áreas de infestação, indicando prioridades para que as equipes da Secretaria de Saúde possam desencadear ações de controle e minimizar os riscos. “Até então, a Secretaria de Saúde trabalhava a partir de casos suspeitos notificados. Este projeto permite agregar novos conhecimentos, indicando áreas a partir do parasitismo humano e da infestação ambiental, o que torna nosso trabalho mais eficaz”, afirma a enfermeira sanitarista Brigina Kemp, coordenadora da Vigilância Epidemiológica da Coordenadoria de Vigilância e Saúde Ambiental (Covisa).

A sanitarista informa que o novo projeto vem sendo elaborado desde o final de 2005 e envolve uma grande organização logística, inclusive com o município assumindo funções que antes eram somente de atribuição da Superintendência de Controle de Endemias (Sucen), como a pesquisa sobre a infestação do carrapato – pesquisa acarológica.

De acordo com o Brigina, os Centros de Saúde vão ser capacitados para notificar casos de parasitismo humano, ou seja: de pessoas parasitadas pelo carrapato. Esta estratégia - que vai demandar um trabalho conjunto entre unidades básicas de saúde, Vigilâncias em Saúde (Visas) e Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) - será uma das formas de mapear áreas de infestação.

Numa outra frente de trabalho, as equipes das Visas, em parceria com a Sucen, vão até o campo para avaliação do local e, se necessário, vão levantar a infestação e investigar a espécie de carrapato. “Nosso foco será o carrapato do gênero Amblyomma”, diz Brigina. As informações sobre estas áreas também serão registradas em relatório para a Covisa.

As equipes das Visas vão ser capacitadas por técnicos da Sucen para este trabalho de campo e os profissionais vão atuar com Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) próprios para esta ação.

De acordo com o secretário de Saúde de Campinas, José Francisco Kerr saraiva, esse mapeamento permitirá às autoridades do município identificar e investigar os locais prováveis de risco de infecção e se antecipar aos casos. “A Prefeitura, por meio de Secretaria de Saúde e num trabalho intersetorial com outras secretarias, vai monitorar as áreas, desencadear ações de controle e intervenção ambiental. A população também será orientada sobre a importância de evitar as áreas infestadas e não deixar seus animais adentrá-las. Também vamos cobrar a iniciativa privada e outros proprietários para fazer sua parte”, disse Saraiva.

Ocorrências.

A Secretaria de Saúde também informou nesta sexta-feira, 20 de outubro, que mais dois casos de febre maculosa foram confirmados em Campinas. Os dois são da região leste, em áreas nas proximidades da divisa com Jaguariúna. As duas ocorrências, em pessoas do sexo masculino com idades de 68 anos e 18 anos, não têm vínculo epidemiológico, isto é não estão relacionadas. As pessoas foram tratadas e estão bem, em casa.

Com isto, são oito os casos de febre maculosa confirmados desde janeiro de 2006 em Campinas. Deste total, quatro pessoas morreram. Em 2004, foram confirmados nove casos e, em 2005, sete. Não houve óbitos em 2004 e 2005.

Denize Assis

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