Estudo realizado por Centro de Saúde Dic III e Unicamp muda indicadores epidemiológicos

18/10/2006

Uma parceria entre o Centro de Saúde (CS) do DIC III, da Prefeitura Municipal de Campinas, e a Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) está mudando os indicadores epidemiológicos da região do CS, além de ter rendido aos alunos estagiários que participaram do projeto o Prêmio Lopes de Faria do Congresso Médico Acadêmico da Unicamp (Comau), edição 2005.

Tudo começou em maio de 2006, quando o CS passou por uma reestruturação e a nova coordenadora, Rosana Garcia, começou a estudar os diagnósticos epidemiológicos da população local.

Rosana constatou que uma das áreas mais problemáticas era a de acesso aos exames preventivos de câncer de colo de útero e de mamas tendo, inclusive, ocorrido dois óbitos relacionados.

Para reverter o quadro, a coordenação do CS desenvolveu frentes de ação com o Distrito de Saúde Sudoeste e os trabalhadores locais, além de solicitar uma parceria com a Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp, que aceitou a proposta.

A partir daí, um grupo de oito alunos do 5° ano de medicina, sob coordenação do professor Sérgio Resende Carvalho, passou a estudar e esclarecer os aspectos envolvidos na evolução histórica de um caso de câncer de colo uterino que levou ao óbito uma mulher de 58 anos.

A proposta metodológica escolhida foi o "Evento Sentinela de Um Óbito", que busca saber as causas evitáveis e não evitáveis do caso. O grupo criou planilhas, fez entrevistas com os profissionais de saúde e também com os familiares, organizando uma verdadeira "radiografia" do caso.

"Nós, como gestores de saúde, temos que entender porque os casos evoluíram desta forma, uma vez que o câncer de colo de útero é uma doença facilmente prevenível", disse Rosana.

A conclusão a que o grupo chegou, no entanto, é a de que a morte foi causada por um diagnóstico tardio, uma vez que a paciente teria sido encaminhada por outra cidade.

Interação

No decorrer do projeto, os estagiários desenvolveram uma reflexão com os trabalhadores do CS abordando o acesso das usuárias, técnicas de coleta do exame de Papanicolau, qualidade das amostras, perfil epidemiológico das mulheres com alterações, assim como a composição do acolhimento na área, que acabou revertendo em um trabalho de educação permanente e sensibilização junto aos profissionais da Saúde.

Hoje, com a reorganização do acolhimento específico, o CS ampliou a coleta de Papanicolau e incluiu a temática no Núcleo de Saúde Coletiva da unidade, resultando numa maior vigilância das citologias oncóticas alteradas.

No trabalho estão reunidos auxiliares de enfermagem, enfermeiros e ginecologistas da unidade, respaldados pela equipe de Residência de Medicina Preventiva da Unicamp.

"Esta reciclagem tem contribuído para a educação permanente dos trabalhadores no CS e o prêmio muito honrou e serviu de motivador para a nossa equipe ", explicou Rosana.

Na opinião da coordenadora, o impacto da parceria pode ser notado por várias perspectivas: "Tanto o gestor local potencializa seus recursos no sentido de melhorar a qualidade da assistência e atenção à saúde quando faz a encomenda de situações-problema aos alunos, como participa da formação um profissional de saúde que saiba lidar com situações concretas dentro do Sistema Único de Saúde (SUS)", afirma Rosana.

Além disso, completa ela, "nossos trabalhadores estão se sentindo valorizados e a motivação é um fator importante para se chegar a um resultado satisfatório. Posso dizer que, hoje, nossa equipe tem um outro olhar para os casos relacionados à saúde da mulher".

Equipes

A temática câncer de mama e de colo uterino já foi abordada por três equipes de estagiários, a partir de maio do ano passado. Em novembro deste ano, uma nova equipe chega ao CS para dar continuidade aos trabalhos. Outros temas relacionados à realidade local também são trabalhados pelas equipes de estagiários que contam com oito alunos a cada dois meses.

CS DIC III

O CS DIC III pertence ao Distrito de Saúde Sudoeste de Campinas e, em 2005, era referência para uma população de aproximadamente 35 mil habitantes sendo que, destes, 95% são totalmente dependentes do SUS. A inauguração, em março deste ano, do CS Santo Antônio reduziu o atendimento para cerca de 24 mil pessoas, o que também contribuiu para a melhoria da assistência de um modo geral.

Cláudia Xavier

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