Campinas divulga informações sobre a sífilis para marcar Dia Nacional de Combate à doença

17/10/2006

Campinas quer fazer do Dia Nacional de Combate à Sífilis, no próximo sábado, dia 21 de outubro, uma oportunidade para estimular o debate sobre o assunto, diminuir o estigma em relação às doenças sexualmente transmissíveis e mobilizar a sociedade civil para ações que visem a eliminação da sífilis congênita - menos de um caso para cada 1 mil nascidos vivos.

Para isto, a Secretaria de Saúde vai realizar trabalho de sensibilização com suas equipes e espera contar com a colaboração de toda mídia para propagar as informações para a população.

A data, que será lembrada em todo país, foi instituída em setembro deste ano durante abertura do VI Congresso Brasileiro da Sociedade Brasileira de Doenças Sexualmente Transmissíveis (SBDST) e do II Congresso Brasileiro de Aids, em Santos (SP). O tema de 2007 é "Caminhando para a Eliminação da Sífilis Congênita".

A sífilis é quatro vezes mais freqüente nas gestantes do que a infecção pelo HIV. No Brasil, estima-se que, a cada ano, 48 mil gestantes estejam infectadas pela sífilis. Desse total, aproximadamente, 12 mil crianças adquirem sífilis congênita - transmitida da mãe para o bebê. Em 2005, em Campinas, foram registrados 45 casos de sífilis congênita. Em 2006, até o momento, foram 18.

Segundo a enfermeira sanitarista Brigina Kemp, coordenadora da Vigilância Epidemiológica da Coordenadoria de Vigilância em Saúde (Covisa) de Campinas, o número de casos notificados nos últimos anos no município é decorrente de um trabalho de busca ativa, da mudança na definição de casos - que ficou mais ampla, mais sensível – e das ações implementadas tendo como meta a eliminação da sífilis congênita.

A enfermeira sanitarista Maria do Carmo Ferreira, da Covisa, informa que a sífilis tem cura se o tratamento for feito tanto na gestante como em seu parceiro de forma adequada, interrompendo-se assim o ciclo da doença no casal e evitando a transmissão para o bebê.

“A falta de tratamento ou o tratamento inadequado da sífilis durante a gestação pode acarretar a morte do bebê ou deixar seqüelas graves, como surdez, problemas neurológicos e má formação óssea”, diz. Maria do Carmo afirma que até 40% das infecções pela sífilis na gravidez podem levar o bebê ao óbito.

A sanitarista informa, ainda, que o teste de diagnóstico e o tratamento adequado - feito com penicilina – estão disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS). “Se a mãe for alérgica à penicilina, ela toma outro remédio”, diz Carmo Ferreira.

A gestante tem que fazer o tratamento completo e com orientação de seu médico. Para o acompanhamento de cura, a gestante deverá repetir o exame para sífilis todo mês. “O companheiro da gestante com sífilis também deve se tratar e a camisinha deve ser usada porque esta é uma doença sexualmente transmissível (DST)”, diz Carmo Ferreira.

De acordo com a sanitarista, muitas vezes a pessoa infectada pela bactéria da sífilis não sente nem percebe nada em seu corpo. Para saber se foi infectada, é necessário fazer um exame de sangue. “Por isso, toda gestante, toda mulher que quer engravidar, independentemente de apresentar qualquer sintoma, deve fazer o exame. A gestante tem direito ao teste e deve solicitá-lo, se o médico não o fizer”, afirma.

Em Campinas, nos últimos anos, a Secretaria de Saúde tem atuado para estabelecer uma rede competente de diagnóstico e tratamento da sífilis, com notificação e vigilância ativa da gestante com sífilis. Uma das ações neste sentido é o monitoramento de todos os casos de sífilis diagnosticados no laboratório municipal visando principalmente o tratamento adequado.

Em relação à sífilis congênita, a partir dos casos suspeitos notificados nas maternidades de Campinas, é realizada discussão com a equipe do centro de saúde onde o pré-natal foi realizado para identificar se houve falhas e propor medidas de adequação das condutas.

Segundo a equipe técnica da Covisa, em Campinas é possível ter o controle e caminhar para a eliminação da sífilis congênita já que 98% das gestantes realizam pré-natal e em número de consultas suficiente para diagnóstico e tratamento da doença. A gestante com sífilis é de notificação compulsória desde julho de 2005.

Denize Assis

Volta ao índice de notícias