"House of Love", "O Outro Lado da Aids" e "A Família de Felix" encerram hoje, quarta-feira, 11 de outubro, o ciclo Cinema Mostra Aids Campinas

11/10/2006

Todas as sessões têm entrada gratuita e filmes são exibidos no Museu da Imagem e do Som (MIS),
localizado no Palácio dos Azulejos, rua Regente Feijó, 637

O curta-metragem "House Of Love" (EUA/Namíbia, 2001, 26min), dirigido por Cecil Moller, abre o último dia da programação do ciclo "Cinema Mostra Aids Campinas", realizado desde o dia 2 de outubro no Museu da Imagem e do Som (MIS), localizado no Palácio dos Azulejos, à rua Regente Feijó, 859, Centro. Todas as sessões terão entrada franca.  

"House of Love", cuja sessão é às 19h, integra a série documental de 33 títulos "Steps for the Future", uma espécie de mapeamento da Aids no sul da África, hoje a região com maior incidência de pessoas vivendo com HIV no mundo. Outro título do pacote é "Wa 'N Wina", filmado na África do Sul, esteve na seleção do ciclo Cinema Mostra Aids. 

No caso, o cenário é o pequeno porto Walvis Bay, na Namíbia, e as personagens as prostitutas locais. Elas dependem das rápidas visitas dos marinheiros para sobreviver e contam ao diretor Cecil Moller os motivos que as levaram ao trabalho. Falam ainda de amor, sexo, pecado e uma noção muito pessoal de redenção, enquanto o fantasma da Aids ronda seu cotidiano.  

Na seqüência e na mesma sessão será exibido "O Outro Lado da Aids" (The Other Side of Aids, EUA, 2004, 87 min), dirigido por Robin Scovill. A premissa deste documentário é no mínimo controversa e fez alarde nos festivais em que foi exibido.

O diretor Robin Scovill explora a teoria de que o vírus HIV não é o agente causador da Aids. Como argumento inicial, ele traz o exemplo da mulher Christine Maggiore, soropositiva que se mantém saudável desde 1992 sem tomar medicamentos.

Cita, inclusive, que os dois filhos do casal, amamentados pela mãe, também não foram medicados e mantêm-se imunes à doença. A fita, então, busca depoimentos semelhantes de mais dez adultos infectados, alguns sob efeito dos coquetéis, outros não. Comparecem também casos de crianças que tornaram-se alvo de disputas de pais soropositivos e a Justiça, o que envolve a polêmica se elas devem ser tratadas antecipadamente ou não.

São ouvidos ainda especialistas, médicos e políticos responsáveis pelas ações governamentais. Até a banda Foo Fighters, responsável pela trilha sonora, tem sua vez como promotora de informações alternativas sobre a Aids.

E para encerrar a mostra, "A Família de Felix" (Drôle de Félix, França, 2000, 95min). O filme é dirigido por Olivier Ducastel e Jacques Martineau. Outro exemplo, assim como Dias, de um olhar renovado sobre a Aids. Aqui, a síndrome deixa de ser o fator dramático impulsionador da trama, embora conte nas atribuições dadas ao protagonista.

O jovem Felix (Sami Bouajila), filho de imigrantes árabes na França, integra a geração de soropositivos que sobrevive com a ajuda dos coquetéis. Depois de perder o emprego, ele abandona o namorado e parte numa viagem pelo interior do país atrás do pai que nunca conheceu. No caminho, diverte-se, encontra novos parceiros e personagens que coincidem com seu desejo de reestruturação familiar.

Evento inédito em Campinas

Cinema Mostra Aids é uma realização da organização não-governamental Grupo Pela Vidda/SP em parceria com o Programa Municipal de DST/Aids da Secretaria de Saúde da Prefeitura de Campinas, e o Programa Estadual de DST/Aids de São Paulo que acontece desde segunda-feira, dia 2 de outubro.

As parcerias construídas entre instituições públicas e sociedade civil organizada permitem a exibição de filmes em um local alternativo, a sala de projeção do MIS, no Palácio dos Azulejos, um espaço público e que integra o patrimônio histórico-cultural de Campinas, em condições de acessibilidade à população, já que está localizado no Centro de Campinas e todas as sessões têm entrada gratuita.

Cultura para falar sobre Aids

A idéia da Mostra é usar um evento de apelo cultural para falar sobre Aids. Assim, um vasto painel sobre questões da epidemia é traçado a partir da seleção de filmes que trazem a infecção pelo HIV como tema central ou pano de fundo. Em alguns dos títulos, a Aids é o tema central do filme, em outros aparece na trama ou na vida de personagens.

Ao longo de mais de duas décadas da epidemia, são muitos os autores e diretores de cinema que transformaram a AIDS em fonte de inspiração. Além de retratarem a realidade da epidemia pelo HIV/AIDS no mundo, provocaram diversas reações: polêmica, comoção, medo, conscientização, ironia, indignação, nas platéias de diferentes partes do mundo.

Os títulos desta primeira edição do Cinema Mostra Aids Campinas, trazem perplexidades e respostas do cinema frente à Aids, e também alertam para a necessidade da prevenção e da eliminação do preconceito, além de testemunharem parte da realidade das pessoas que vivem com HIV/Aids.

Apoiadores

Coordenada por Adriano Brandão, membro do Grupo Pela Vidda/SP, a Mostra conta com o apoio de jornalistas especializados em cinema, distribuidoras de filmes, tradutores e colaboradores voluntários do Grupo Pela Vidda/SP, parceiros do Programa Municipal de DST/Aids de Campinas e trabalhadores do Museu da Imagem e do Som (MIS) de Campinas, que cedeu gentilmente sua sala de projeções e pessoal de apoio para a realização da Mostra.

Mostra reúne várias gerações

Nem o calor da tarde de quinta-feira desanimou os 25 adolescentes que juntaram-se aos outros freqüentadores do MIS para ver o filme "Filadélfia". "Achei legal mostrar isso assim, nunca tinha assistido este filme", disse o estudante Wagner de Oliveira, que participa do projeto Jovem Convivência, desenvolvido pela ONG Centro de Educação e Assessoria Popular (Cedap), entidade parceria do Programa Municipal de DST/Aids de Campinas.

"Agora a gente vai para o Cedap fazer uma discussão e quero vir para ver outros filmes porque na Mostra é interessante que são mostrados diferentes pontos de vista sobre a Aids", afirma a psicóloga Carolina Zaparoli, uma das coordenadoras do Cedap.

A profissional de saúde Maria Luiza, que trabalha na Direção Regional de Saúde (DIR) 12, que viu o filme "Borboletas da Vida", exibido na abertura da Mostra, disse sentir falta de mais eventos culturais com foco sobre o preconceito e a necessidade de prevenção ao HIV e à Aids.

"Considero que essas informações sobre o comportamento das pessoas, sobre as condições sociais a que são submetidas e que podem torná-las mais ou menos frágeis, não só ao HIV e à Aids, mas a diversas outras coisas, precisam ser mais inseridas na cultura da população", disse. O filme "Borboletas da Vida" mostra parte da realidade de jovens homossexuais e travestis na periferia do Rio de Janeiro.

A aposentada Aparecida Rodrigues Apolinário, depois de ver o mesmo filme, disse que estava emocionada. "É a primeira vez que eu venho ao cinema", afirmou. Ela foi à Mostra com sua professora e colegas de uma turma de Educação para Jovens e Adultos (EJA). "É muito bom que a realidade das pessoas seja mostrada assim, no cinema", opinou.

Os filmes de hoje:

Hoje, dia 11/10, quarta-feira

15h
HOUSE OF LOVE
O OUTRO LADO DA AIDS

19h
A FAMÍLIA DE FELIX

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