Saúde investiga casos suspeitos de febre maculosa

09/10/2006

A Secretaria de Saúde de Campinas, por meio da Coordenadoria de Vigilância em Saúde (Covisa), investiga se a morte de um homem de 48 anos, morador do Guará, Distrito de Barão Geraldo, região norte, foi causada por febre maculosa. Ele morreu na última quinta-feira, 5 de outubro, logo após ter sido internado em um hospital público de Campinas.

A filha dele, de 21 anos, também apresentou sintomas sugestivos da doença e está internada para diagnóstico e tratamento. Segundo a Covisa, a paciente passa bem.

Imediatamente após a notificação, as equipes da Covisa e da Vigilância em Saúde (Visa) Norte iniciaram investigação e desencadearam as ações preconizadas para o controle e prevenção da doença, que incluem trabalhos de vigilância epidemiológica, sanitária e ambiental e de mobilização e comunicação social direcionadas à comunidade.

Uma equipe da Superintendência de Controle de Endemias (Sucen), por solicitação da Covisa, vai atuar no local com o objetivo de fazer pesquisa acarológica – pesquisa sobre a infestação e espécie dos carrapatos.

A febre maculosa brasileira (FMB) é uma doença infecciosa febril aguda, provocada por uma bactéria (Rickttsia rickettssii) transmitida ao homem pelo carrapato-estrela (Amblyomma cajennense). A doença não é transmitida de pessoa para pessoa.

Endêmica na região de Campinas, a febre maculosa no estágio inicial produz sintomas inespecíficos como febre, dor de cabeça, dores no corpo, mal-estar generalizado, náuseas e vômitos. Entre o segundo e o sexto dia da doença, podem surgir manchas vermelhas na pele. Apesar destas manchas (mácula=mancha) darem nome à doença, elas nem sempre estão presentes, o que podem dificultar ou retardar o diagnóstico. 

Segundo a enfermeira sanitarista Brigina Kemp, coordenadora da Vigilância Epidemiológica da Covisa, esta época do ano se constitui no período de sazonalidade da doença, que incide com maior freqüência nos meses de agosto, setembro e outubro. “No caso específico destas notificações, levamos em conta a clínica, que são os sintomas apresentados, e o histórico epidemiológico, que é o fato de as pessoas terem tido contato com carrapato. A hipótese diagnóstica mais forte é de que seja realmente febre maculosa”, diz. Segundo Brigina, a previsão é de que os resultados de exames laboratoriais das amostras colhidas dos pacientes fiquem prontos em duas semanas.

A sanitarista informa que estas novas notificações não alteram o programa de controle global da febre maculosa no município. “Estes casos estão dentro da ocorrência esperada da doença e exigem uma ação específica no local provável de infecção”, afirma.

Brigina afirma que os profissionais de saúde devem estar atentos para suspeitar de febre maculosa, observar sinais da doença e perguntar se o paciente freqüentou área de risco - com infestação de carrapatos, presença de animais e com vegetação -, fazer notificação rápida para a Secretaria de Saúde de Campinas, tratar e acompanhar os pacientes.

Para a comunidade, a orientação é evitar as áreas infestadas por carrapatos e não deixar seus animais adentrá-las. Se for adentrar áreas de risco, sempre que possível, devem ser usadas calças e camisas de mangas compridas e roupas claras para facilitar a visualização dos carrapatos.

Segundo o médico sanitarista André Ricardo Ribas de Freitas, da Covisa, o uso de repelentes à base de DEET, também pode ajudar na prevenção do parasitismo. “É aconselhável a inspeção do corpo para verificar a presença de carrapatos. Caso haja algum carrapato no corpo, este deve ser retirado imediatamente, de preferência com ajuda de uma pinça. Caso o parasitismo seja muito grande pode-se usar sabonetes escabicidas (usados também para controle de sarna). Ao apresentar sintomas, se tiver se submetido a risco, a pessoa deve imediatamente procurar o serviço de saúde e informar se teve contato com carrapato”, diz o médico.

Este ano, em Campinas, foram confirmados seis casos de febre maculosa, sendo cinco deles no Núcleo Residencial Eulina, região norte, e um no Jardim Campo Belo, região sul. Entre os casos confirmados, quatro pessoas morreram, três no Eulina e o morador do Campo Belo.

Denize Assis

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