Seminário vai preparar equipes para diagnosticar e tratar hanseníase

05/10/2006

A Secretaria de Saúde de Campinas, por meio da Coordenadoria de Vigilância em Saúde (Covisa), vai capacitar médicos e enfermeiros da rede pública municipal de saúde para diagnóstico da hanseníase, tratamento e prevenção de incapacidades físicas nos pacientes. A capacitação será feita durante o II Seminário Anual de Hanseníase, no dia 24 de outubro.

O evento, que também vai abordar a situação epidemiológica da doença e discutir diretrizes de controle para este agravo no município, é etapa preparatória para a Campanha de Combate à Hanseníase que acontece entre 6 e 10 de novembro em Campinas.

Segundo a Secretaria de Saúde, o conteúdo do seminário será apresentado de manhã e repetido à tarde para que os profissionais de todas as cargas horárias possam participar. As inscrições já foram abertas e devem ser feitas nas Vigilâncias em Saúde (Visas). Cada unidade de saúde terá duas vagas de manhã e duas à tarde. O local e o programa do seminário serão divulgados em breve.

De acordo com o médico sanitarista André Ricardo Ribas de Freitas, da Covisa, as capacitações e as campanhas de prevenção da hanseníase acontecem anualmente em Campinas e integram os trabalhos do plano municipal de eliminação da doença.

André informa que atualmente Campinas apresenta taxa de prevalência próxima de 0,6 casos de hanseníase para cada grupo de 10 mil habitantes, tendo atingido o índice de prevalência menor que um caso de hanseníase para cada 10 mil habitantes, conforme Programa Mundial de Eliminação da Hanseníase da Organização Mundial da Saúde (OMS).

André informa ainda que, em março deste ano, Campinas recebeu certificado do Ministério da Saúde por ter alcançado a meta de eliminação desta doença enquanto problema de saúde pública, conforme parâmetros adotados pelo Ministério da Saúde.

“Isso é muito positivo. No entanto, como esta é uma doença de evolução lenta e que pode se manter incubada durante até dez anos, no nosso município pode haver pessoas infectadas, principalmente imigrantes vindos das regiões mais afetadas do Brasil. Portanto, é fundamental a capacitação de pessoal da atenção básica à saúde e o fortalecimento de uma rede competente de diagnóstico e tratamento”, diz.

Segundo André, apesar dos bons resultados em relação à hanseníase, Campinas ainda tem como grande desafio ampliar a capacidade do Sistema Único de Saúde (SUS) para diagnosticar e tratar os casos na fase inicial da doença, por meio da detecção precoce. “Nossos dados indicam que 10% das ocorrências são identificadas quando a pessoa já tem algum grau de incapacidade podendo evoluir com seqüelas. Um dos objetivos do seminário é sensibilizar as equipes para reverter este quadro”, diz. Em 2005, foram notificados 48 casos novos de hanseníase em Campinas.

Saiba mais

O que é a hanseníase?

É uma doença crônica proveniente de uma infecção causada pela bactéria Mycobacterium leprae ou bacilo de hansen.

Como se transmite?

A transmissão da doença se dá pelas vias aéreas superiores pelo contato direto e prolongado com uma pessoa doente, não tratada. Para desenvolver a doença, a pessoa deve aspirar uma grande quantidade de bacilos, situação que é favorecida quando há contato prolongado com o doente que não esteja em tratamento que é o caso de contato familiar.

Quais os sintomas?

Manchas brancas ou avermelhadas dormentes, dor nos nervos dos braços, das mãos, das pernas ou dos pés, partes do corpo com formigamento ou dormência, caroços no corpo, ausência de dor em casos de queimaduras ou cortes nos braços, nas mãos, nas pernas e nos pés.

Como tratar?

O tratamento é eminentemente ambulatorial, com a utilização de medicamentos apropriados (poliquimioterapia/OMS). A regularidade deste tratamento é fundamental para a cura do paciente. A prevenção de incapacidades é uma a atividade importante durante o tratamento e, em alguns casos, até mesmo após a alta.

Como prevenir?

Por intermédio da descoberta de novos casos, para que possam ser controlados; do tratamento de todos os doentes pelo serviço de saúde; e do exame dermatoneurológico, seguido de vacina BCG em todos os que convivem com o doente. 

Denize Assis

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