Saúde realiza inquérito para apurar acidentes e violências em Campinas

04/10/2006

A Secretaria de Saúde de Campinas, por meio da Coordenadoria de Vigilância em Saúde (Covisa), realizou durante o mês de setembro um inquérito de acidentes e violências – chamadas causas externas – nos prontos-socorros dos hospitais Mário Gatti, da Prefeitura, Celso Pierro, da Pontifícia Universidade Católica (PUC-Campinas), e de Clínicas (HC), da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

O trabalho, desenvolvido em Campinas e em outras cidades brasileiras que participam de um seleto grupo de municípios sentinelas, integra estudo do Ministério da Saúde para traçar o perfil de acidentes e violências no Brasil. O estudo, que inclui também levantamento de violências inter pessoais, vai subsidiar a política nacional de prevenção das violências e promoção da saúde.

Dados parciais e preliminares computados até o momento em Campinas totalizaram 484 ocorrências, das quais 93% são de acidentes e 7% de violências. Deste total, três pessoas morreram. A grande maioria das ocorrências – 327 ou 68% - refere-se a pessoas do sexo masculino com idade até 24 anos.

O mesmo estudo aponta que a maior parte dos acidentes foi decorrente de quedas, com 43% do total. Outros acidentes e acidentes por transporte implicaram em 24% e 23% das ocorrências, respectivamente.

Uma estimativa chamou a atenção dos técnicos e servirá como base para adoção de medidas pertinentes: o número de motociclistas acidentados. Do total dos acidentes de transporte, 47% foram de motociclistas. A taxa superou o percentual de acidentes por automóvel, que representou 31%.

Segundo a médica sanitarista Naoko da Silveira, da Covisa, os resultados parciais do inquérito de Campinas já foram enviados para a Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS) do Ministério da Saúde. De posse dos dados, a SVS está participando de diversos comitês e conselhos intersetoriais que têm como objetivo evitar a mortalidade e incentivar a adoção de comportamentos e ambientes seguros e saudáveis.

No âmbito municipal, o inquérito vai resultar numa estratégia traçada pela Covisa para vigilância em acidentes e violências, além da implementação de ações preventivas - que busquem impedir a sua ocorrência – e de assistência – que vise tratamento e reabilitação das vítimas. Segundo Naoko, a estratégia de vigilância vai contemplar alguns tipos de ocorrência, conforme avaliação da equipe técnica.

Outro desdobramento do inquérito no âmbito municipal é em relação aos motociclistas. “O resultado obtido reforça a importância da implantação de uma política de prevenção com atuação intra-institucional e intersetorial. Esta política vai reunir projetos intersetoriais em andamento - como o Vida sobre duas Rodas e o cadastramento de motociclistas profissionais na Emdec - e a estruturação de um sistema de informações que integre as várias áreas de atuação”, afirma Naoko.

A sanitarista informa ainda que em Campinas o enfrentamento das violências inter pessoais vem sendo realizado pelo Programa Iluminar que inclui, além dos cuidados com as vítimas de violência doméstica e sexual, uma rede de prevenção.

O inquérito de Campinas foi coordenado pela Covisa e viabilizado em parceria com o Comitê Gestor de Urgência e Emergência, Departamento de Cirurgia do Trauma do HC da Unicamp e hospitais envolvidos. Naoko ressalta a importante colaboração do médico cirurgião Gustavo Fraga, do Departamento de Cirurgia do Trauma da Unicamp, que viabilizou e incentivou a participação do Hospital Celso Pierro e do HC no projeto.

Denize Assis

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