"As Horas", com Meryl Streep e filme italiano "Dias" são exibidos nesta quarta-feira no ciclo Cinema Mostra Aids, com entrada gratuita no MIS

03/10/2006

Filmes são exibidos às 15h e às 19h no Palácio dos Azulejos,
localizado à Rua Regente Feijó, 859, Centro; programação vai até dia 11

No personagem de Ed Harris, um escritor que vive com HIV, angustiado e à beira da morte, está uma das representações mais perturbadoras da Aids no cinema recente. É o filme "As Horas", produzido nos Estados Unidos, em 2002, com 116 minutos e direção de Stephen Morre. A dor da tragédia do personagem central é dividida com sua ex-amante (Meryl Streep), num momento em que esta organiza uma festa para homenageá-lo.

A exibição é nesta quarta-feira, 4 de outubro de 2006, às 15h, com entrada franca, no Museu da Imagem e do Som (MIS), localizado no Palácio dos Azulejos (Rua Regente Feijó, 859, Centro). O filme está na programação do ciclo Cinema Mostra Aids Campinas, uma realização da organização não-governamental (ONG) Pela Vidda, de São Paulo, em parceria com o Programa Municipal de DST/Aids da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) da Prefeitura de Campinas.

Nesta produção, a reação perante a doença é simbólica de um período e de uma personalidade que, antes de procurar conviver com o vírus, caminha para o desespero e a entrega. O episódio no filme de Stephen Daldry ( Billy Elliot) é uma adaptação para os dias atuais do romance Mrs Dalloway, de Virginia Woolf, e se soma a mais duas histórias –uma sobre a vida da escritora inglesa (interpretada por Nicole Kidman) e outra de uma dona de casa em crise (Julianne Moore).

O segundo filme desta quarta-feira, às 19h, é "Dias", uma produção italiana, de 90 minutos cuja direção é assinada por Laura Muscardin. A fita italiana pertence a um terceiro movimento na representação da aids pelo cinema. Depois dos filmes sobre os primeiros casos da doença, os dramas das pessoas que vivem com HIV/Aids e dos títulos engajados na conscientização e no sexo seguro, esta produção é uma das poucas a enfocar a convivência possível com o vírus HIV.

Nesta categoria encaixa-se o personagem Claudio (Thomas Trabacchi), um executivo gay bem-sucedido e com um relacionamento estável. Sua preocupação com a enfermidade não exige mais que o coquetel de medicamentos diário e um check-up mensal no hospital. O relativo bem-estar permite, inclusive, que ele se apaixone por um jovem garçon e dê uma reviravolta em sua vida.

Mais informações à Imprensa: (19) 8115 – 4856, 3236 – 3711 ou 3234 500, com Eli Fernandes

 

PROGRAMAÇÃO CINEMA MOSTRA AIDS CAMPINAS

Dia 04/10 (quarta-feira)

15h – AS HORAS

19h - DIAS

         

Dia 05/10 (quinta-feira)

15h – FILADELFIA

19h – O PRAZO FINAL

 

Dia 06/10 (sexta-feira)

15h - TUDO SOBRE MINHA MÃE

 

Dia 09/10 (Segunda-feira)

15h – WA N´WINA

19h – TRAINSPOTTING: SEM LIMITES

 

Dia 10/10 (terça-feira)

19h – ANTES DO ANOITECER

 

Dia 11/10 (Quarta-feira)

15h – HOUSE OF LOVE

        O OUTRO LADO DA AIDS

19h - A FAMILIA DE FELIX

  

 

FILMES: CINEMA MOSTRA AIDS CAMPINAS – Até 11/10 – exceto final de semana

 

 

AS HORAS                                        

(The Hours )

EUA, 2002, 116min.

Direção: Stephen Daldry

No personagem de Ed Harris, um escritor soropositivo, angustiado e à beira da morte, está uma das representações mais perturbadoras da aids no cinema recente. A dor da tragédia é dividida com sua ex-amante (Meryl Streep), num momento em que esta organiza uma festa para homenageá-lo. A reação perante a doença é simbólica de um período e de uma personalidade que, antes de procurar conviver com o vírus, caminha para o desespero e a entrega. O episódio no filme de Stephen Daldry ( Billy Elliot) é uma adaptação para os dias atuais do romance Mrs Dalloway, de Virginia Woolf, e se soma a mais duas histórias --- uma sobre a vida da escritora inglesa (interpretada por Nicole Kidman) e outra de uma dona de casa em crise (Julianne Moore).

 

DIAS

( Giorni)

Itália, 2001, 90min

Direção: Laura Muscardin

A fita italiana pertence a um terceiro movimento na representação da aids pelo cinema. Depois dos filmes sobre os primeiros casos da doença, os dramas dos soropositivos e dos títulos engajados na conscientização e no sexo seguro, esta produção é uma das poucas a enfocar a convivência possível com o vírus HIV. Nesta categoria encaixa-se o personagem Claudio (Thomas Trabacchi), um executivo gay bem-sucedido e com um relacionamento estável. Sua preocupação com a enfermidade não exige mais que o coquetel de medicamentos diário e um check-up mensal no hospital. O relativo bem-estar permite, inclusive, que ele se apaixone por um jovem garçon e dê uma reviravolta em sua vida.

 

FILADÉLFIA
( Philadelphia) )
EUA, 1993, 125min

Diretor: Jonathan Demme

Em tom melodramático e pisando em ovos, Hollywood encontrou seu jeito para abordar até então um tema no mínimo indigesto para a indústria do cinema. E como, ainda por cima, atrair o grande público reconhecidamente conservador? A saída foi chamar um ator que é uma espécie de namoradinho da América e abusar da emoção. Tom Hanks, vencedor do Oscar pelo papel, certamente dá dignidade ao advogado vítima da Aids que processa sua firma por suposto preconceito. Acredita que tenha sido demitido por ser portador do vírus. Consegue cooptar um colega de menor calibre para defendê-lo (Denzel Washington), que vem carregado de preconceitos, medos etc e terá de testar seus próprios limites. Com tantas justificativas, recalques e temores, o filme termina por cair num novelão desbragado e hoje deve ser debatido como referência ou não na representação da doença pelo cinema. À época, pelo menos, as entidades gays se incomodaram e muito com alguns preconceitos perpetrados pelo diretor Jonathan Demme.

 

O PRAZO FINAL

(The 24th Day)

EUA, 2004, 97min

Direção: Tony Piccirillo

Produção independente americana que adota uma fisionomia inesperada para o tema Aids. O thriller de suspense consagrado em Hollywood embala aqui o encontro entre o metrossexual Tom (Scott Speedman) e o aspirante a cineasta Dan (James Marsden). O primeiro leva o novo conhecido para seu apartamento e lá confidencia o relacionamento no passado com um gay soropositivo que o infectou. Tom acredita que Dan foi esse parceiro. Aprisiona-o, então, e munido de uma amostra do sangue da vítima ameaça: se o resultado do teste for positivo, ele morre.

 

TUDO SOBRE MINHA MÃE

(Todo sobre Mi Madre)

Espanha/França, 1999, 105min

Direção: Pedro Almodóvar

Em Madri, Manuela (Cecilia Roth) perde o filho precocemente e parte para Barcelona a fim de encontrar o pai do garoto vinte anos depois, agora um travesti chamado Lola. A sua viagem é também um rito de passagem para um novo e desconhecido mundo, do qual faz parte, por exemplo, Irmã Rosa (Penélope Cruz), uma freira grávida e portadora do vírus HIV. Bem ao seu estilo irreverente e com uma carga melodramática peculiar, o cineasta espanhol Pedro Almodóvar confronta o espectador com o tema da aids sem fazer da doença um foco de especial atenção em seu cinema. É a personagem, digamos, complexa da religiosa que dará a Manuela uma esperança de reiniciar sua vida e à história um sentido de renascimento.

 

WA N'WINA

(Wan'wina)
África do Sul, 2001, 52min
Diretor: Dumisani Phakathi

O jovem diretor sul-africano retorna a seu bairro natal, em Soweto, para colher depoimentos de amigos de infância. O objetivo: saber como a Aids afetou o cotidiano deles. As conversas giram em torno de relacionamentos, tradições, tabus, amor e sexo. Entre os colegas estão Phumla e Timothy, que expõem suas emoções ao relatar a dureza das ruas e as escolhas que foram forçados a fazer. Com a câmera no ombro e incisivo nas perguntas, Phakathi faz um mergulho em suas raízes para revelar o abismo existente entre a realidade e as campanhas de prevenção contra a doença em seu país.

 

TRAINSPOTTING: SEM LIMITES

(Trainspotting)

Inglaterra, 1996, 94 min

Direção: Dany Boyle

Inspirado no best-seller de Irvine Welsh, o diretor Danny Boyle realizou mais um polêmico retrato da juventude sem rumo. Sem enaltecer nem condenar o comportamento dos protagonistas, focaliza um bando de escoceses viciados em heroína. Essa comédia barra pesada caiu nas graças da imprensa inglesa, recebeu aplausos no Festival de Cannes e obteve sucesso de público. Por outro lado, em nome da moral e dos bons costumes, houve tentativas de proibi-la em diversos países. O narrador Mark (Ewan McGregor), e seus colegas Spud (Ewen Bremner), Sick Boy (Johnny Lee Miller), Begbie (Robert Carlyle) e Tommy (McKidd) levam a vida "vendo o trem passar", como sugere a gíria britânica do título. Ou seja, não estão nem aí para trabalho, escola ou família. Na Edimburgo dos dias de hoje, eles vivem a beira de perigos como a overdose ou a aids. Mas no desfecho, nem todos se dão mal.

 

ANTES DO ANOITECER
(Before Night Falls)
EUA, 2000, 125 min

Diretor: Julian Schnabel

O foco desse drama biográfico é antes de tudo o amor e a rebeldia --- na política, no sexo, na vida--- que a Aids consome num epílogo melancólico. O herói desregrado em questão é o escritor cubano Reinaldo Arenas (1943-1990), jovem homossexual de origem pobre que divide seu tempo entre os prazeres idílicos da ilha, a literatura, os parceiros e a boa disposição para o engajamento político. Chega a se unir aos revolucionários para levar Fidel Castro ao poder. Mas quando este chega lá, mostra pouca ou nenhuma simpatia por algumas categorias, gays e artistas incluídos. Arenas pena sete anos na prisão e por fim migra para Nova York, onde adoece e morre. O diretor Julian Schnabel, para usar uma expressão apropriada a sua face de pintor, por vezes carrega nas tintas. Mas o realizador conta com uma interpretação forte e cativante de Javier Bardem, como Arenas, especialmente na passagem da prisão, quando também Johnny Depp marca presença no papel do travesti Bon Bon.

 

HOUSE OF LOVE

(House of Love)
EUA/Namíbia, 2001, 26min
Direção: Cecil Moller

O curta-metragem integra a série documental de 33 títulos Steps for the Future, uma espécie de mapeamento da Aids no sul da África, hoje a região com maior incidência de soropositivos no mundo. Outro título do pacote, Wa 'N Wina, filmado na África do Sul, está previsto na seleção do ciclo Cinema Mostra Aids. No caso, o cenário é o pequeno porto Walvis Bay, na Namíbia, e as personagens as prostitutas locais. Elas dependem das rápidas visitas dos marinheiros para sobreviver e contam ao diretor Cecil Moller os motivos que as levaram ao trabalho. Falam ainda de amor, sexo, pecado e uma noção muito pessoal de redenção, enquanto o fantasma da Aids ronda seu cotidiano.

 

O OUTRO LADO DA AIDS

(The Other Side of Aids)

EUA, 2004, 87 min
Diretor: Robin Scovill

A premissa deste documentário é no mínimo controversa e fez alarde nos festivais em que foi exibido. O diretor Robin Scovill explora a teoria de que o vírus HIV não é o agente causador da Aids. Como argumento inicial, ele traz o exemplo da mulher Christine Maggiore, soropositiva que se mantém saudável desde 1992 sem tomar medicamentos. Cita, inclusive, que os dois filhos do casal, amamentados pela mãe, também não foram medicados e mantêm-se imunes à doença. A fita, então, busca depoimentos semelhantes de mais dez adultos infectados, alguns sob efeito dos coquetéis, outros não. Comparecem também casos de crianças que tornaram-se alvo de disputas de pais soropositivos e a Justiça, o que envolve a polêmica se elas devem ser tratadas antecipadamente ou não. São ouvidos ainda especialistas, médicos e políticos responsáveis pelas ações governamentais. Até a banda Foo Fighters, responsável pela trilha sonora, tem sua vez como promotora de informações alternativas sobre a Aids.

 

A FAMÍLIA DE FELIX  

(Drôle de Félix )

França, 2000, 95min

Direção: Olivier Ducastel e Jacques Martineau

Outro exemplo, assim como Dias, de um olhar renovado sobre a Aids. Aqui, a doença deixa de ser o fator dramático impulsionador da trama, embora conte nas atribuições dadas ao protagonista. O jovem Félix (Sami Bouajila), filho de imigrantes árabes na França, integra a geração de soropositivos que sobrevive com a ajuda dos coquetéis. Depois de perder o emprego, ele abandona o namorado e parte numa viagem pelo interior do país atrás do pai que nunca conheceu. No caminho, diverte-se, encontra novos parceiros e personagens que coincidem com seu desejo de reestruturação familiar.

 

 

Realização:

Grupo Pela Vidda/SP

Museu da Imagem e do Som

Programa Municipal de DST/Aids de Campinas

Prefeitura de Campinas

Programa Estadual de DST/Aids

Volta ao índice de notícias