Samu: Campinas avança no tratamento ao Infartado, com atendimento pré-hospitalar

30/09/2008

Autor: Denize Assis

O Samu/192 de Campinas inicia, a partir deste mês, o tratamento pré-hospitalar do infarto agudo do miocárdio, doença que mata mais de 30% das pessoas acometidas antes da chegada ao hospital e se constitui na principal causa de morte e de incapacidade no Brasil. A nova metodologia de atendimento consiste no uso de uma medicação trombolítica que tem por princípio ativo a capacidade de dissolver o trombo (coágulo) que se forma no interior do vaso levando à obstrução e conseqüente interrupção da irrigação do coração. Este tratamento pode reduzir em até 50% a mortalidade dos pacientes.

Para isso, as equipes do Samu foram capacitadas e a Secretaria de Saúde promoveu uma harmonização na rede de tratamento desde a ponta até as unidades hospitalares de atenção terciária (Hospital de Clínicas e Hospitais Celso Pierro, Mário Gatti e Ouro Verde).

Também foram adquiridos equipamentos para uso da telemedicina – utilização de recursos de informática e telemática para transmissão de dados médicos e para o controle de equipamentos biomédicos à distância. Assim, a equipe do Samu pode transmitir o eletrocardiograma por meio de telemetria, através de linha telefônica, permitindo que o exame seja avaliado por especialistas que ajudarão na tomada de decisão do médico prestador do atendimento.

O secretário de Saúde, José Francisco Kerr Saraiva, informa que Campinas é a primeira cidade de região metropolitana fora de capitais a adotar o tratamento pré-hospitalar do infarto. Apenas outras duas cidades, Salvador, na Bahia, e Diadema, na grande São Paulo, já adotaram este tipo de tratamento.

“Em média, por dia, 1 mil brasileiros infartam. Destes, 300 chegam sem vida ao hospital. Uma das estratégias para a redução desta mortalidade é o atendimento imediato ao paciente acometido, com medicamento que contribui para desfazer o trombo, que é o principal fator associado ao infarto, promovendo a desobstrução da artéria”, informa o secretário de Saúde.

José Francisco Saraiva afirma que em grandes metrópoles, onde o acesso ao hospital é mais complicado pelo trânsito excessivo ou pelas condições viárias, fica mais fácil o pré-atendimento hospitalar como ocorre no Samu de Paris, em outros modelos de países desenvolvidos no atendimento médico de urgência e como já é feito no Brasil, em Diadema e Salvador, e mais recentemente em Campinas.

“Naturalmente que nossas estratégias consistem na prevenção do infarto, com o controle do peso, da hipertensão, da diabetes e dos níveis de colesterol e evitando o tabagismo. Mas a pessoa que infartou precisa de assistência e, com a nova metodologia implementada em Campinas, passamos a oferecer tratamento igual ao de países de primeiro mundo”, disse.

O coordenador do Samu/192 Campinas, José Roberto Hansen, diz que adoção da nova metodologia trata-se de um grande avanço. Ele informa ainda que é diretriz do Ministério da Saúde introduzir o tratamento pré-hospitalar ao infartado em todos os Samus do Brasil. “Campinas se adiantou neste processo e pode servir de referência para o restante do País. Queremos não só manter o paciente vivo, mas garantir sua qualidade de vida”, afirma.

Segundo ele, a capacitação das equipes do Samu para este tratamento foi promovida no último sábado, no Hotel Noumi Plaza, com conteúdo teórico, discussão de casos clínicos e simulações baseadas na prática diária do atendimento. Além disso, estão sendo disponibilizadas aulas na internet.

Ele reforça que o crescimento acelerado das doenças cardiovasculares, principalmente o infarto, em países em desenvolvimento representa uma das questões de saúde pública mais relevantes da atualidade e que atuar para a prevenção e tratamento é diretriz da Secretaria de Saúde de Campinas.

O médico Marcelo Sartori, coordenador municipal da área técnica de urgência e emergência, também considera o tratamento um grande avanço. “Numa dose única você leva o tratamento onde o paciente estiver e quanto mais rápida a intervenção, menor a chance de lesão e de morte”, diz.

A estatística mundial mostra que, se o infartado é tratado adequadamente nas primeiras horas com trombolítico, a mortalidade fica em torno de 5% a 6%. A experiência no Brasil, nos Samus que já adotaram a metodologia, aponta que em 150 casos que receberam a terapêutica pré-hospitalar, a mortalidade ficou em torno de 2% a 3%.

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