A Vigilância
Epidemiológica de Campinas informou nesta sexta-feira, 12 de
setembro, que notificou, desde agosto, 522 casos de pessoas
com diarréias similares ao rotavírus. O surto já atingiu
bairros de todas as regiões do município, porém a maior
parte das ocorrências – 256 – refere-se a pessoas
moradoras da região Noroeste do município. A faixa etária
mais acometida é a de crianças menores de dez anos, público
no qual estão concentrados 79% dos casos.
A enfermeira
sanitarista Brigina Kemp, coordenadora da Vigilância
Epidemiológica municipal informa que os sintomas principais
do rotavírus são diarréia aquosa, vômitos e dores
abdominais. "E a doença pode evoluir para desidratação
grave", afirma.
Segundo
Brigina, o final do inverno e início da primavera é uma época
propícia para o aparecimento de surtos por rotavírus. Neste
período, o número de ocorrências aumenta. "Este ano,
porém, em relação a anos anteriores, o surto está
aumentado e temos notificado quadros mais graves", diz.
No Hospital
Celso Pierro, da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de
Campinas, referência para a região Noroeste, vários
pacientes necessitaram ser internados, principalmente crianças,
e há relato de pessoas que sofreram convulsão devido à
desidratação.
Mário Gatti
– A coordenação do Pronto-Socorro (PS) Infantil do
Hospital Municipal "Dr. Mário Gatti" informou que,
desde agosto, o número de ocorrências de diarréia
acompanhada de febre e vômito nas crianças que permanecem em
observação na unidade triplicou. O médico pediatra Wilson
Norato, coordenador do PS Infantil, adverte que essa
sintomatologia sugere doenças por rotavírus.
Na área de
abrangência da Direção Regional de Saúde de Campinas
(DIR-12), que inclui Campinas e outros 41 municípios, também
foram registrados surtos da mesma gravidade.
Os rotavírus
são transmitidos pela via fecal-oral, por contato de pessoa a
pessoa e também por meio de água, alimentos ou superfícies
contaminadas. Segundo a enfermeira Brigina Kemp, a infecção
pelo rotavírus varia de quadro leve, com diarréia aquosa e
duração limitada, a quadros graves com desidratação, febre
e vômitos, podendo causar a morte.
Contra o
rotavírus existem somente medidas preventivas. De acordo com
Brigina, a melhor forma de prevenção é reforçar os
cuidados com a higiene. Essa atenção, segundo a enfermeira,
passa pelas práticas higiênicas tradicionais e universais
como limpeza dos ambientes domésticos, lavagem de mãos
sempre e principalmente antes das refeições, após ir ao
banheiro e na confecção de alimentos, controle da água e
dos alimentos, destino adequado dos dejetos e do esgoto.
A
Coordenadoria de Vigilância e Saúde Ambiental (Covisa) da
Secretaria de Saúde de Campinas divulgou nota, no início de
setembro, para reforçar as orientações para profissionais
da rede municipal de saúde e de educação. "Todo
profissional de saúde deve estar alerta para notificar novos
casos o mais rapidamente possível. Somente desta maneira
poderemos esclarecer a causa da doença e adotar providências
necessárias para conter surtos", informa a enfermeira
sanitarista Maria do Carmo Ferreira, da Secretaria de Saúde.
Carmo
Ferreira informa que os surtos por rotavírus são de difícil
controle. Segundo ela, extensas epidemias ocorrem de tempos em
tempos em países desenvolvidos. "O estímulo ao
aleitamento materno tem fundamental importância na prevenção
pelos altos níveis de anticorpos contra o rotavírus",
finaliza a enfermeira.