Autor: Denize Assis
Mais de 150 profissionais da área de enfermagem foram mobilizados nesta terça-feira, dia 31 de agosto, entre 14h e 16h, na Cati, durante evento preparatório para introdução da vacina anti-meningococo C, contra a meningite meningocócica C (doença meningocócica pelo tipo C), na rotina do calendário básico de vacinação da rede pública de saúde.
A vacina vai estar disponível para aplicação nos 63 Centros de Saúde de Campinas a partir da próxima sexta-feira, dia 3 de setembro. Inicialmente, em setembro e outubro, será aplicada em crianças com idades entre 1 ano e 1 ano 11 meses e 29 dias. Nesta faixa etária, a pessoa recebe uma dose. Em novembro e dezembro de 2010, passa a estar disponível também para menores de 1 ano de idade. A partir de 2011, será aplicada aos 3 e 5 meses de idade, com uma dose de reforço aos 12 meses.
Segundo a enfermeira sanitarista Brigina Kemp, coordenadora da Vigilância Epidemiológica de Campinas, a introdução desta vacina significa um grande ganho para o Sistema Único de Saúde (SUS) e para o Programa Nacional de Imunização (PNI) do Ministério da Saúde.
“Com esta nova vacina, o sistema público de saúde passa a contar com vacinas contra os três tipos de meningite de maior incidência na nossa população que são as causadas por Haemophilus influenzae B, pneumococo e meningococo C. Isso demonstra a vontade do SUS de aprimorar as ferramentas de prevenção e tratamento a serviço da população”, diz Brigina.
Segundo a sanitarista, o PNI do Ministério da Saúde é um dos melhores do mundo. Ela afirma que, com a introdução deste novo imunizante, o Brasil passa a ter 13 tipos de vacinas para proteger contra 19 doenças. Além disso, a oferta do PNI, considerando as imunizações especiais, passa a ser de 28 tipos de vacinas.
“É mais um sucesso do Programa Nacional de Imunização, um orgulho para todos nós do SUS”, afirma.
Brigina proferiu a primeira palestra na capacitação e falou sobre a epidemiologia da meningite meningocócica C no Brasil, no Estado de São Paulo e em Campinas. Segundo ela, embora a meningite C não seja das doenças infecciosas mais prevalentes, apresenta potencial de morbimortalidade elevado e com evolução rápida. A taxa de letalidade, em algumas situações, pode atingir valores superiores a 50%. Parte dos pacientes pode evoluir com seqüelas. Além disso, pode provocar surtos e epidemias. Acomete pessoas de todas as faixas etárias, porém a maior incidência é observada em crianças menores de 5 anos, sobretudo em menores de 1 ano.
Em Campinas, em 2010, foram notificados 39 casos de doença meningocócica, com 11 óbitos. Vinte e um casos foram do tipo C. Em 2009, foram 38 casos, com 8 óbitos. Atualmente, em todo Brasil o predomínio é do sorogrupo C e representa 75% dos casos de doença meningocócica.
O coeficiente médio de incidência no país é de 3,28 por 100 mil habitantes. No Estado de São Paulo é de 3,1/100 mil e, em Campinas, é de 2,48/100 mil. Estes valores são de 2009. Nos menores de 2 anos, o coeficiente em Campinas é de 19/100 mil.
Após a explanação de Brigina, a enfermeira sanitarista Maria Alice Sato falou sobre a vacina, estratégias e esquema de vacinação e, em seguida, esclareceu dúvidas dos participantes.
Maria Alice informou que, anteriormente, a vacina contra a meningite C estava disponível na rede pública, mas restrita a grupos populacionais específicos, que continuam contemplados, e para ações pontuais de controle e bloqueio de surtos e epidemias. Segundo a sanitarista, esta vacina tem um elevado índice de proteção, chegando a mais de 90% e estará disponível para o grupo populacional em que a doença mais incide, que são os menores de 2 anos.
De volta às suas unidades, nesta quarta-feira, dia 1º de setembro, os profissionais que participaram da capacitação vão repassar as informações e organizar as salas de vacina.
Campinas conta com uma população de 14.600 crianças entre 1 ano e menores de 2 anos, que constitui-se no primeiro público-alvo a ser vacinado.
