Campinas abre Fórum que discute Política Nacional de Saúde do Homem

02/08/2010

Autor: Denize Assis

O prefeito de Campinas, Hélio de Oliveira de Santos, abriu nesta segunda-feira, dia 2 de agosto, o I Fórum Nacional sobre Atenção Integral à Saúde do Homem, que reuniu representantes das Sociedades Médicas de Urologia, Psiquiatria, Gastroentorologia, Cardiologia e Pneumologia e Tisiologia. Segundo o Ministério da Saúde, 75% dos problemas de saúde que afetam a população masculina estão ligados a estas áreas.

O encontro ocorreu em Hortolândia durante o dia todo e contou, ainda, com a presença do coordenador nacional da Saúde do Homem do Ministério da Saúde, Baldur Schubert, do secretário de Saúde de Campinas, José Francisco Kerr Saraiva, da coordenadora municipal da Saúde do Adulto, Jane Emídio Dias, do prefeito de Hortolândia, Ângelo Perugini, além de líderes das sociedades médicas e autoridades políticas.

O objetivo do seminário foi debater as principais questões da saúde do homem abordadas por estas entidades, avaliar o quanto avançou a Política Nacional e elaborar propostas. O resultado do encontro será transformado em documento para ser apresentado ao Ministério da Saúde.

A participação da Secretaria de Saúde de Campinas foi destacada pelo fato do município ser pioneiro no Brasil nesse projeto lançado em agosto de 2009 pelo Governo Federal, que tem por objetivo facilitar e ampliar o acesso da população masculina aos serviços de saúde.

“Tenho a grata possibilidade de ser médico e prefeito e, neste contexto, ter atendido prontamente à proposta do Ministério da Saúde de implementar em Campinas o projeto-piloto da Política de Saúde do Homem. Hoje, temos onze centros de saúde onde a estratégia já está em andamento, um terço dos clínicos da rede pública municipal de saúde já estão capacitados e temos ainda legislação municipal que estabelece o Programa Municipal de Saúde do Homem”, disse dr. Hélio.

O coordenador nacional da Saúde do Homem do Ministério da Saúde, Baldur Schubert, disse que essa iniciativa colocou o Brasil na vanguarda das ações voltadas para a saúde do homem. O país foi o primeiro da América Latina e o segundo do continente americano a implementar uma Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem. O primeiro foi o Canadá.

“E Campinas destaca-se como exemplo por ter aderido prontamente e por ser município onde a estratégia avançou. São onze meses do lançamento da política que atualmente está presente em 27 estados e 80 municípios. As entidades e gestores aqui presentes muito contribuíram para a construção desta política. Este fórum de avaliação trata-se de uma ótima iniciativa. Este é um processo e estamos avançando”, disse Baldur.

O secretário de Saúde de Campinas, José Francisco Kerr Saraiva, apresentou aos participantes a estratégia de Campinas e ressaltou que a iniciativa é uma resposta à observação de que os agravos do sexo masculino são um problema de saúde pública. A cada três mortes de pessoas adultas, duas são de homens. Eles vivem, em média, sete anos menos do que as mulheres e têm mais doenças do coração, câncer, diabetes, colesterol e pressão arterial mais elevados. Campinas tem investido nos eixos de comunicação, promoção à saúde, expansão dos serviços, qualificação de profissionais e investimento na estrutura da rede pública.

“Essa política parte da constatação de que os homens, por uma série de questões sócio-culturais e educacionais, procuram pouco o serviço de saúde. Aceitamos este desafio que exige mudanças estruturais que incluem sensibilizar a população masculina a buscar cuidado, garantir acesso e integralidade das ações e criar e implantar consensos técnicos a respeito da prevenção, diagnóstico e tratamento das patologias mais prevalentes nesta população. Foi uma honra aceitar este convite”, disse.

A não-adesão às medidas de saúde integral por parte dos homens leva ao aumento da incidência de doenças e de mortalidade. Números do Ministério da Saúde mostram que, do total de mortes na faixa etária de 20 a 59 anos – população alvo da nova política -, 68% foram de homens. Ou seja, a cada três adultos que morrem no Brasil, dois são homens. Os últimos dados de óbitos consideram o ano de 2005. Além disso, números do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelam que, embora a expectativa de vida dos homens tenha aumentado de 63,20 para 68,92 anos de 1991 para 2007, ela ainda se mantém 7,6 anos abaixo da média das mulheres.

Em Campinas, segundo dados de 2009, a primeira causa de morte nesta população é de doenças cardiovasculares. Foram 1.272 óbitos em 2009 ou 15% do total, sendo 35% deles decorrentes do infarto. A segunda causa constitui-se nas neoplasias – cânceres. No total, foram 1.036, ou 12,2%, sendo em primeiro lugar os do aparelho respiratório com 16%, seguido do de próstata, com 10% e estômago com 9%. As causas externas vêm em terceiro lugar, com 639 mortes, o que equivale a 7,5%, sendo as armas de fogo responsáveis por 18%, os acidentes de trânsito por atropelamento por 9% e com motociclistas por 7%. As doenças do aparelho respiratório constam em quarto lugar, com 48% das mortes por pneumonia e 23% por outras doenças pulmonares obstrutivas crônicas (DPOCs).

As entidades envolvidas no fórum declararam apoiar o Ministério da Saúde na missão de atingir as metas da política, que incluem atender 5% dos homens de 20 a 59 anos nos serviços de saúde até 2011 – cerca de 2,5 milhões no país. O Fórum ocorreu na indústria farmacêutica EMS. Campinas possui uma população de 300 mil homens entre 20 e 59 anos.

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