Gestores da saúde discutem estratégias para enfrentar as doenças respiratórias

27/06/2011

Autor: Marco Aurélio Capitão

Com a chegada do inverno e o consequente aumento nos casos de doenças respiratórias, gestores dos serviços de urgência e emergência e dos hospitais de Campinas reuniram-se na última semana, na Sociedade de Medicina e Cirurgia (SMCC), para discutir o fluxo para encaminhamento destes agravos na criança dentro do sistema de saúde do município. O encontro foi promovido pela Câmara Técnica de Políticas Hospitalares, com a participação da Comissão Municipal de Urgência.

A discussão, conforme explica a enfermeira Marilene Wagner, da Comissão de Urgência e Emergência da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), se ateve, principalmente, na atribuição de cada nível de serviço para atender a demanda e dar conta de eventuais surtos.

“Nesta época do ano aumenta a procura pelos serviços de saúde por pacientes com quadros respiratórios, o que nos leva à necessidade de construir e pactuar a rede de atenção principalmente com o objetivo de chamar a atenção para a necessidade da rápida identificação e tratamento adequado, a fim de evitar as complicações que podem surgir”, disse.

O encontro teve a participação de representantes do Hospital de Clínicas (HC) da Unicamp, do Complexo Hospitalar Ouro Verde, do Pronto Atendimento Anchieta, do Hospital Municipal Mário Gatti, da Comissão de Urgência, do Hospital Celso Pierro da PUCC, do Samu/192 e do Sistema Municipal de Regulação de Vagas.

“A apresentação destas doenças se dá em estágios de gravidade diferentes e a discussão nesta reunião teve como objetivo, a partir da apresentação feita pelo doutor Roberto (UTI Pediátrica-HMMG), identificar estes diferentes estágios para organização do fluxo e intervenção correta em cada fase da doença”.

A enfermeira Marilene informa que as doenças respiratórias são mais comuns nos meses secos e frios quando aumenta a procura pelas unidades de saúde. Isto aconteceu no mês de abril deste ano com a circulação do vírus sincicial respiratório (VRS), a causa mais frequente de infecções pulmonares, entre as quais bronquiolite e pneumonia em bebês e crianças pequenas.

Conforme esclarece, 70% dos casos das infecções das vias aéreas (IVAS) evoluem sem complicações, a exemplo dos resfriados e infecções no nariz e garganta. Ela faz questão de lembrar que esses casos podem ser tratados nos Centros de Saúde, sem necessidade de internação hospitalar ou de procura pelos prontos-atendimentos.

Outros 12% apresentam sintomas generalizados de gripes com infecções nos brônquios e pulmões. As pneumonias representam 10% das doenças respiratórias, quando os pacientes apresentam alterações respiratórias importantes, febre (39/40º), chiadeira e dificuldade de ingerir alimentos.

A asma, dentro das doenças respiratórias, chega a 8% dos casos. Dados do Ministério da Saúde (MS) indicam que o número de internações por asma, na rede pública de saúde, caiu 51% nos últimos dez anos. A queda, segundo Marilene Wagner, se deve, entre outros fatores, à ampliação do acesso a medicamentos pelo SUS.

“O diagnóstico precoce é fundamental para diminuir o tempo de permanência das crianças nas unidades de saúde. Para isso temos que investir na qualificação das equipes da assistência e, ainda, dispor de um fluxograma que garanta agilidade para decidir onde o paciente vai ser atendido e a necessidade de transferência, até o momento da alta”, pontua.

No encontro realizado na SMCC também foram sugeridas algumas orientações básicas a serem dadas à comunidade, especialmente aos pais. Segundo Marilene, essas recomendações passam, principalmente, pelas medidas preventivas como a hidratação adequada, alimentação, vacinação, o cuidado com aglomerações de pessoas e a lavagem das mãos. “As mães devem estar atentas aos sintomas de dificuldade respiratória, febre, apatia, falta de apetite devendo levar seus filhos nos centros de saúde mais próximos”.

A respeito da infecção pelo vírus sincicial respiratório, a enfermeira Marilene Wagner esclarece que as primeiras manifestações são a congestão nasal, garganta irritada e tosse, seguidas de dificuldades respiratórias e febre. A manifestação do VRS é mais grave nas crianças abaixo de dois anos, nos bebês prematuros, idosos e quando associada a outras doenças (comorbidade)”, advertiu.

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