Comitê define estratégias para ampliar vacinação contra a nova gripe entre as gestantes

03/05/2010

Autor: Denize Assis

Campinas estabeleceu nesta sexta-feira, dia 30 de abril, um Comitê Assessor para discutir e propor estratégias com o objetivo de melhorar a cobertura vacinal contra a nova gripe - causada pelo Influenza A H1N1 - entre as gestantes, grupo no qual vacinação atingiu, até o momento, 64,3% no município.

A comissão é constituída por representantes da Maternidade de Campinas, das duas maiores universidades (PUC/Celso Pierro e Unicamp/Caism), da Sociedade de Medicina e Cirurgia de Campinas (SMCC), da Unimed, das Sociedades de Ginecologia e Obstetrícia de São Paulo e do Brasil e da Secretaria Municipal de Saúde.

Segundo a Vigilância em Saúde, a primeira onda da nova gripe, em 2009, já evidenciou que as gestantes se constituem num dos grupos mais vulneráveis a desenvolver formas graves e a morrer em decorrência da doença. Dos índices relacionados à nova gripe em 2010, as gestantes representam uma em cada três mortes pela doença.

O comitê foi formado durante reunião a convite da Secretaria Municipal de Saúde na manhã desta sexta-feira e, imediatamente, já definiu suas primeiras incumbências. Uma delas é produzir um documento técnico para profissionais da área de ginecologia e obstetrícia com objetivo apontar a importância da vacinação e, assim, estimular estes profissionais a propagar a informação entre as gestantes e esclarecer que a vacina é segura, eficaz e não traz riscos para feto. O material já está sendo providenciado e deve começar a ser distribuído na próxima segunda-feira, 3 de maio.

A outra tarefa é propagar as informações citadas acima entre a comunidade, principalmente pela mídia, mas também por meio de outras estratégias, como aulas para médicos e demais profissionais de saúde.

O médico ginecologista Octávio de Oliveira Santos Filho, representante da Pontifícia Universidade Católica de Campinas/Celso Pierro no Comitê, se comprometeu a mobilizar os profissionais de infectologia da sua instituição para que eles promovam uma aula com os alunos da Faculdade de Medicina para esclarecer os pontos relativos à vacina e ressaltar a importância das gestantes aderirem à Campanha.

Segundo a médica ginecologista-obstetra Helaine Milanez, professora da Faculdade de Medicina da Unicamp e integrante do comitê, as gestantes estão mais propensas a desenvolver formas graves da nova gripe – além de outras doenças – e a morrer em decorrência da doença porque a gestação provoca alterações no sistema imunológico que predispõem as gestantes a ter um maior agravo de quadro viral. Além disso, segundo ela, principalmente as grávidas que estão num quadro mais avançado de gestação têm restrição da caixa torácica, o que facilita com que o vírus entre e consiga fazer um estrago maior do que numa população não grávida.

“A vacina não traz riscos. É segura. Já tem coortes históricas em crianças de até 7 anos de idades com uma vacina prévia que é contra influenza sazonal e a gente estima que esta vacina contra H1N1 seja tão segura quanto a anterior. Não existe risco de taratogenicidade, inclusive existe benefício de que, eventualmente, a getsante se imunizando numa fase final da gestação, pode passar anticorpos para a criança”, disse.

Segundo o médico infectologista Rodrigo Angerami, da Vigilância em Saúde de Campinas, a vacina é segura e eficaz e não traz risco para o feto ou a gestante. “Os componentes utilizados na sua composição são semelhantes aos de outras vacinas que são atualizadas durante a gravidez. Além disso, milhões de pessoas já foram vacinadas no Hemisfério Norte e Brasil e os efeitos adversos registrados não foram mais freqüentes ou mais graves dos que os verificados na vacina da influenza sazonal. Sabidamente, as gestantes devem se vacinar contra a influenza. Inclusive as sociedades americana e européia de medicina recomendam as vacinas contra a gripe na gestação”, diz Rodrigo, que também integra o Comitê.

A Campanha de Vacinação contra H1N1 começou dia 8 de março, ocorre por etapas e é direcionada aos grupos mais vulneráveis à doença. Até agora, já foram vacinados os profissionais de saúde que atuam no enfrentamento da doença; crianças de seis meses a menores de dois anos; portadores de doenças crônicas; gestantes; pessoas de 20 a 29 anos; e idosos com doenças crônicas. A última etapa terá início em 10 de maio e será dirigida a pessoas de 30 a 39 anos.

Campinas já vacinou mais de 321.599 pessoas contra a nova gripe e está entre as cidades brasileiras que obtiveram maior êxito na campanha até o momento. A Secretaria de Saúde reforça que há 61 centros de saúde em Campinas nos quais as pessoas podem se vacinar, o que garante um atendimento mais próximo da residência ou do trabalho de cada cidadão. Para se vacinar basta levar um documento de identidade. Quem tiver, deve levar a carteira de vacinação. As gestantes devem levar o cartão de pré-natal.

Campinas registrou, em 2009, 206 casos de H1N1, dos quais 17 morreram. Do total de casos – dos 206 -, 16 referiam-se a gestantes, sendo que uma delas evoluiu para óbito. Tratava-se de uma grávida de gêmeos. Os bebês sobreviveram.

Em 2010, há apenas 1 caso confirmado da doença em morador de Campinas. Trata-se de uma gestante, que contraiu a doença em outro País e evoluiu para cura.

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